Palestrantes criticam atual modelo pedagógico de educação física e propõem mudanças

Com o objetivo de repensar a prática da educação física e esportiva, foi realizado no dia 22 de junho, no Cepeusp, o seminário internacional “Modelos Pedagógicos na Educação Física e no Esporte: Práticas Inovadoras”. Para o palestrante David Kirk, da Universidade Britânica de Bedfordshire , o esporte é uma parte importante da educação física, mas não é ensinado da forma correta . “Ele é mal representado , visto como algo trivial, apenas uma oportunidade para relaxar”.

Para Kirk, as técnicas ensinadas nas escolas são descontextualizadas. Ensinar habilidades fora do contexto do jogo, como passes no basquete, arremessos e saque de tênis, não seriam ideais. “Você ensina o seu aluno a fazer um arremesso no basquete, mas em um jogo você jamais verá aquele arremesso repetido”. “Isto faz com que os alunos não tenham progresso”.

Outra crítica apresentada é a dificuldade que o professor enfrenta para ir além do nível introdutório . “O professor acaba sendo um especialista em generalismos”. Para Kirk é fundamental mudar a maneira de como os professores são formados.

Renata Andrade, formada em Esporte pela USP, concorda “Não há nada muito específico na nossa graduação e acaba acontecendo isto mesmo nas escolas.” Renata acredita que uma das soluções para o problema enfrentado seria a formação continuada e cursos extracurriculares.

O tempo das aulas também é visto como problema. “Você tem 40 minutos para dar uma aula para 40 alunos. O que é possível fazer com tantos alunos em tão pouco tempo?”. Para Kirk, os modelos pedagógicos oferecem uma saída. Ele explica que há várias possibilidades de modelos. Um exemplo que o palestrante cita é a Educação Esportiva, que exerce várias competências aos alunos como: afiliação, competição formal, festividade, registros, eventos.

Para Sérgio Andrade, coordenador de projeto social na Fundação Gol de Letra, as ONGs e fundações teriam uma liberdade maior de construir estes modelos pedagógicos. Andrade concorda que 40 minutos para uma aula é pouco tempo. E acha que desta forma, o professor precisa priorizar o jogo e a voz do aluno. “O jogo é fundamental. Ninguém se interessa pelo projeto porque vai se tornar cidadão. Aí é que entra a voz. É preciso que o aluno sinta que tenha voz, as rodas de conversa pós-jogo são importantes para realizar este objetivo”. Andrade aponta que enquanto no passado havia uma expansão enorme de ONGs com o único objetivo de tirar as crianças das ruas,ou seja, com fins assistencialistas, hoje as pessoas estão mais preocupadas com os modelos pedagógicos . Dessa forma, modelos e práticas inovadoras podem contribuir para que benefícios sociais e físicos do esporte aconteçam e para não criar programas voltados apenas para a competição esportiva.