Junta discute modelo do IAAV

A comissão para formação do novo Instituto de Artes e Audiovisual (IAAV) promoveu um debate para discutir o modelo do nova parte da USP. A conversa teve a participação de três professores que não integram a comissão, porém que tem propostas sobre o assunto. As principais são a formação de um curso de artes mais interdisciplinar e a conquista de um maior poder político para os departamentos.

Atualmente, as artes fazem parte da Escola de Comunicações e Artes (ECA), porém antes mesmo de a sua criação, o setor discute a possibilidade de um instituto. Depois de criada a primeira idéia de separação surgiu na administração de Walter Zanini, mas não gerou resultados concretos. A questão ganhou força recentemente com a proposta da Nova ECA. Mesmo a separação estando em forte discussão o debate se focou em como seria o novo instituto.

A principal reindivicação do IAAV é um maior reconhecimento das artes pelo mundo acadêmico, fazendo da USP um modelo para as outras universidades do Brasil. Com um novo instituto, os professores acreditam que  os departamentos teriam mais voz para suas reindivicações, já que não necessitariam discutir com os cursos de comunicação.

Helena Katz, professora de Artes do Corpo na PUC-SP, também defendeu que a criação de um instituto dentro uma das principais universidades do país pode ajudar os artistas a terem mais força política inclusive para se posicionar em relação a projetos governamentais que afetam a área.

Reformas pedagógicas

Os três palestrantes defenderam um instituto que promova a interação entre as diversas artes, hoje separadas em Música, Artes Plásticas, Artes Cênicas e Audiovisual. Segundo os professores, essa seria uma resposta ao que a arte é hoje, uma mistura de diversas áreas com um diálogo muito forte entre os vários campos artísticos.

Outra questão levantada é que, para eles, a grade de ensino hoje na ECA se estrutura da mesma forma que as faculdades de ciência, ensinando os fundamentos teóricos e depois como aplicá-los a prática. Porém, para os professores as artes funcionam de outro modo, “A prática não é apenas submetida a teoria, mas modifica a teoria” explica Lorenzo Mammi, professor do Departamento de Música (CMU).

Ismail Xavier, professor do Audiovisual da USP, defendeu que as linhas de pesquisa do IAAV deveriam abordar o viés estético, diferenciando dos estudos sobre a arte feitos pelos profissionais de História, Sociologia ou Psicologia.

 Os alunos presentes no debate cobraram da comissão um projeto de grade horária, porém essa questão foi colocada como um segundo passo, já que a separação da ECA ainda não foi aprovada. Os alunos também procuraram saber se o sistema político – administrativo seria modificado, porém a comissão não apresenta planos para uma mudança tendo em vista que os institutos da USP devem seguir um certo padrão administrativo.

Questão do nome

 Durate o evento surgiram diversas polêmicas em relação ao nome do novo instituto. Parte dos presentes defendem o nome Instituto das Artes, a outra Instituto das Artes e do Audiovisual. O primeiro nome teria uma conotação de maior integração e aproximação entre o curso de Audiovisual com os outros departamentos, reiterando o modelo pedagógico proposto. Assim como vincularia  com mais força o Audiovisual como arte.

Já quem defende o outro nome levanta uma questão política que a estrutura nacional nem sempre reconhece o audiovisual como apenas arte, mas também como comunicação. Essa questão também se fortalece porque o curso da USP foi formado através da junção dos cursos de cinema e rádio/tv, sendo que o segundo é mais vinculado às comunicações.

 O outro lado

Enquanto a reunião discutiu os caminhos a serem seguidos pelo novo instituto, os professores da área de comunicações debatem se ele deve ser realmente criado. A maioria dos profissionais é contra a separação.

Segundo o professor Vinicius Romanni, do Departamento de Comunicações e Artes (CCA), as questões da grade disciplinar, recursos e espaço poderiam ser resolvidas mantendo os departamentos dentro da ECA, porém existem entraves pessoais que fortalecem a idéia de segregação.

“Considero a proposta um retrocesso” diz Romanni “No mundo todo, a produção do conhecimento e a expressão artística caminham para a multidisciplinaridade, para a convivência e miscigenação das linguagens”. Para ele arte e comunicação são inseparavéis e a integração entre as partes beneficiaria professores e alunos.