A revolução da mídia impressa

O maior desafio do jornalismo atualmente é saber se os veículos em papel, como o Jornal do Campus, irão sobreviver. A mídia eletrônica cresce e atrai anunciantes a cada dia. O radiojornalismo, a meu ver (e surpreendentemente), também tem espaço garantido no futuro. Quanto aos jornais e revistas, ninguém é capaz de arriscar uma aposta sobre seu destino. Alguns ficarão? Todos acabarão? Os jornais vão acabar, mas as revistas vão ficar? Mistério.

A única certeza neste momento é que o modelo de negócio “jornal” precisa mudar. Mudar como? Os donos acham que a solução é cortar gastos. Será? Se a única vantagem real hoje da imprensa de papel em relação à online é a possibilidade de contratar os melhores profissionais do mercado e bancar suas pautas, como é que, na hora de rever o negócio, os cortes são feitos justamente no pessoal? Me parece um equívoco.

Acredito que, para subsistir, a revolução do papel tem que ser de conteúdo. Virar os jornais de cabeça para baixo. Descobrir como oferecer ao leitor um produto diferenciado do que ele encontrará na internet. A portabilidade de jornais e revistas ainda é, a meu ver, um atrativo. Não é todo mundo (ainda) que possui um tablet. Manusear as folhas também é agradável para muita gente e mesmo quem ainda não descobriu este hábito pode adquiri-lo. Sou otimista.

Quando penso num jornal laboratório hoje, penso em um veículo que possa experimentar. Imagino um estudante, um professor, um funcionário da USP –ou mesmo um visitante, um morador das proximidades – folheando o Jornal do Campus. O que ele quer ler? O que captará sua atenção enquanto está sentado no ônibus se distraindo com o Jornal do Campus? É estas perguntas que a equipe do jornal tem que se dedicar a responder.

Em vez de apenas copiar os formatos já existentes, os jornais-laboratório deveriam se tornar de fato laboratórios. Por que a página 2 é de opinião como nos jornalões? As manchetes têm mesmo que ser de temas “sérios”? Vi no site do Jornal do Campus que a matéria mais lida da edição foi uma ótima de cultura: “Museu Paulista só será reaberto em 2022”. Por que não foi escolhida para a chamada principal? E quanto aos textos? Precisam ser tão parecidos quanto os dos veículos tradicionais?

A partir desta primeira análise, quero propor a vocês uma discussão sobre que tipo de imprensa o futuro nos reserva. O Jornal do Campus não pode ficar à parte deste debate.