Alunos exigem permanência na FAU em reforma

As obras têm previsão de término em 2014 e há questionamentos sobre a efetividade das atividades caso haja necessidade de mudança de prédio

As atividades da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) estão ameaçadas pela reforma na estrutura do prédio em que funcionam os cursos de Arquitetura e Design. A comunidade da FAU permanecerá no edifício até que a atual etapa da reforma, iniciada há dois meses, seja concluída, conforme deliberação da Congregação. Após o término desta fase, o funcionamento da faculdade no prédio e as soluções técnicas serão reavaliadas e novamente discutidas.

A permanência no prédio foi exaustivamente debatida durante as duas últimas semanas em diversas instâncias administrativas da faculdade, e pelos próprios alunos em assembleias. Em reunião extraordinária, no dia 30 de agosto, parte dos membros docentes do Conselho Técnico Administrativo (CTA) alegaram que o prédio não estaria em condições de passar por uma reforma e comportar atividades ao mesmo tempo.

A poeira e o barulho gerado pelas obras prejudicam a saúde dos funcionários, alunos e professores da FAU. As condições de insalubridade foram o principal motivo desenrolador da questão que dividiu as categorias fauanas. Os alunos e parte dos funcionários e docentes defendem que a reforma deve ser feita com o funcionamento normal da faculdade, mas que há a necessidade de adaptá-la e realizá-la tomando cuidados técnicos para que ela não afete a saúde da comunidade.

Já uma das propostas do CTA defende que as aulas não funcionem mais no edifício, e que os estudantes sejam remanejados para salas livres em outros institutos da Universidade, como o Instituto de Matemática e Estatística (IME), a Faculdade de Educação (FE) e a Biblioteca Brasiliana. A obra, realizada pela construtora Jatobeton, está prevista para ser concluída em julho de 2014.

Os discentes se posicionaram contra qualquer encaminhamento dessa ordem, em nota deliberada em assembleia, que afirma que “entendemos o edifício como parte essencial da nossa formação estudantil, seja pela proposta político-pedagógica, seja pela vivência que os espaços do prédio propõem ao nosso cotidiano”. A saída do edifício faria com que a previsão de finalização da obra fosse adiantada em dois meses.

A aluna do quarto ano de Arquitetura, Alessandra Souza, membro do grêmio estudantil da FAU (GFAU), reforça que a saída do prédio pulverizará os cursos. “Os alunos não se encontrarão mais, mesmo depois das disciplinas, e não terão mais os momentos de convivência e de atividades extra-acadêmicas. A desintegração dos cursos também acarretará na perda da possibilidade da nossa organização política e da existência do Grêmio e da Atlética”.

Histórico
Os problemas de infraestrutura do prédio da FAU são antigos. Em 2009 iniciou-se a reforma do edifício que, segundo os alunos, nunca teve conclusão. As colunas do interior do prédio foram abertas, mas ainda não foram reformadas. O teto da construção está se desfazendo e, em 2010, uma lona foi colocada para evitar que detritos caíssem sobre os transeuntes. Entretanto, foi necessário estendê-la sob todo o teto da construção, onde permanece até hoje.

Além disso, em determinados pontos, a lona acumula lixo. Um dos estúdios foi interditado na reforma anterior por problemas de infiltração e goteiras, e ainda se encontra fora de uso. Segundo Alessandra, a direção da faculdade apresentou duas justificativas sobre os problemas da reforma. Primeiramente, foi alegado que não era previsto que tanta poeira seria gerada e, em seguida, que “quando se soube não tiraram nenhum procedimento diferente quanto ao problema, apenas continuaram com o procedimento já adotado”.

Em assembleias realizadas na última semana, os alunos apontaram a falta de planejamento dessas obras, além do descaso com a conservação do prédio. Para os alunos, uma reforma desse porte poderia ser tocada de uma maneira que não agredisse tanto a saúde das pessoas. Algumas propostas foram apresentadas para tentar evitar a quantidade excessiva de poeira.

A diretoria da FAU acatou a proposta de pressurização e umidificação dos espaços e a colocará em prática. “Nós decidimos, em Congregação, um plano de ação para permanecermos no edifício. Foi convocada uma reunião consultiva com a comunidade FAU na última quinta feira (12) e o grupo achou melhor continuar com as atividades no prédio”, esclarece o diretor da Faculdade, Marcelo Roméro.

“O que precisa ficar claro é que se há uma reforma em uma faculdade, ela tem que ser pensada prioritariamente para o espaço em que será realizada. Se a obra não considera as aulas, o funcionamento das atividades, e não pensa nas pessoas daqui, qual o sentido disso?”, questiona a estudante do quinto ano de Design, Eugênia Hanitzsch.