Cepeusp será sede da seleção de paracanoagem

Projeto financiado pelo BNDES visa fazer da Raia Olímpica sede das seleções nacionais do remo e da canoagem paraolímpicos.

Seleção de Paracanoagem encontra no Cepeusp melhores condições de treinamento. Foto: Mariane Roccelo

O Brasil, país sede dos Jogos Olímpicos de 2016, que ocorrerão no Rio de Janeiro, é considerado uma potência paraolímpica. Isso começou a “tomar corpo” nas Olimpíadas de Sydney, em 2000, quando o esporte paraolímpico ganhou mais medalhas de ouro que o desporto olímpico em si. Desde então, há uma crescente evolução, que culminou no sétimo lugar no quadro de medalhas das Paraolimpíadas de 2012. Com o objetivo de elevar o desempenho do esporte, o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), em parceria com o Ministério do Esporte, pretende fazer, em São Paulo, um centro de treinamento nacional de alto rendimento. E o CEPE está incluído nesse projeto.

Carlos Bezerra de Albuquerque, diretor do centro de treinamento da USP e idealizador do curso de canoagem no fim dos anos 1980, explicou como foi a entrada nesse projeto. “Sabendo do projeto do CPB, o CEPE disponibilizou a Raia Olímpica para ser sede das seleções do pararemo e da paracanoagem, de modo a se tornar um centro de referência nessas modalidades”, disse Bezerra. “Queremos ‘colocar isso no papel’ o mais rápido possível, para tornar de direito o que de fato já acontece com a presença da equipe de paracanoagem aqui”, completou.

Um grupo de atletas da canoagem paraolímpica esteve sediado no CEPEUSP com o intuito de utilizar a estrutura da Raia Olímpica para fazer seus treinamentos durante os últimos dois meses e meio. A equipe é capitaneada por Fernando Fernandes, atual tricampeão mundial da categoria, e treinada por Paulo Barbosa, o Paulinho, do próprio CEPE. Eles vieram à USP realizar treinos visando o mundial da modalidade, que ocorre em Duisburg na última semana de agosto.

Fernandes, praticante do esporte desde 2010, já estava mais habituado com a Raia, pois faz treinos nela regularmente há três anos. Integram a equipe também atletas que já foram campeões nacionais e sul-americanos, casos de Patrick Almeida e Denise Oliveira. “Viemos para a USP a convite do Fernando Fernandes para nos prepararmos para o mundial”, disse Almeida. Fernandes acrescenta que “pensei no convite como uma forma de elevar o nível da seleção brasileira porque eles não estavam conseguindo treinar o alto rendimento em outros lugares devido à falta de material esportivo, de treinador e porque o espaço não era o mais adequado”.

Desafios estruturais à paracanoagem

“Estamos aqui porque essa é a única raia de com estrutura de treinamento de alto rendimento do Brasil”, disse Fernandes. E a falta de lugares adequados para os treinos não é o único problema que esses atletas enfrentam. E boa parte do outros problemas advém da má administração do esporte. “O que a gente enfrenta é o amadorismo de quem administra nas federações e confederações: falta visão de marketing, pessoas mais dinâmicas para administrar e investimentos”, concluiu.

“Acho que se tivesse maior interesse no nosso desempenho e um pouco mais de valorização, por parte da Confederação mesmo, desenvolveríamos melhor o nosso trabalho”, disse Oliveira. “Treinamos com canoas emprestadas pelo Fernando Fernandes e não nos foi fornecido uniforme para nos apresentarmos em Duisburg como atletas da seleção de paracanoagem”, completa.

 “Agora que o BNDES entrou para fazer investimentos na canoagem, as coisas começam a caminhar melhor”, disse Fernandes. “Enfim, são vários os problemas a serem resolvidos e até lá, os atletas tem que se unir e se ajudarem como puderem, de modo a superar as dificuldades impostas pelo amadorismo na administração do esporte brasileiro”, concluiu.