Um futuro compacto para os jornais

Dizem alguns especialistas que os jornais impressos ainda irão durar de 10 a 20 anos. Em vez do fim, pessoalmente creio mais numa mudança de formato. Concordo com os que preveem que, no futuro, todos os jornais serão compactos. É a única maneira, acho, de conseguir disputar com os tablets a preferência dos leitores, sobretudo os mais jovens.

Existem hoje três principais formatos de jornais no mundo: o standard, comum no Brasil, que seguiu a fórmula norteamericana; o tablóide, preferido em alguns países da Europa e da América do Sul; e o berliner, ou berlinês, um standard mais estreito e curto –como o Jornal do Campus. Nos últimos anos, os standards foram diminuindo discretamente suas dimensões, sem que os leitores se dessem conta.

É curioso o status que tem o formato standard, isto porque em vários países o tamanho do jornal é associado a credibilidade. “Tabloide” virou sinônimo de noticiário popularesco, inferior. Paradoxalmente, em países com bom índice de leitura e bom transporte público o formato compacto é bem aceito, como acontece na Espanha, onde quase todos os jornais são tablóides, considerados mais fáceis de manusear.

No Brasil, se lê pouco, as pessoas com mais dinheiro é que mantêm os “jornalões” e, como a maioria destes leitores não usa o transporte público, talvez por isso a migração para um formato menor ainda vá demorar. No Sul do País, onde se lê mais, no entanto, os jornais sempre foram tablóides.

Não deve ser coincidência que, em meio à crise do impresso, a Zero Hora de Porto Alegre, um tablóide, seja um dos jornais que continuam crescendo. A reforma do Correio da Bahia, em 2009, foi citada por uma publicação internacional especializada como exemplo de sucesso da migração de standard para tablóide: desde que mudou de formato, aumentou seus leitores em 298%.

O suplemento Claro! tem formato micro, ou seja, metade de um berlinês –assim como o tablóide é a metade de um standard. Me parece o tamanho ideal para se ler no ônibus a caminho de casa, sem incomodar o passageiro que está ao lado. O Claro! também reflete outra tendência do futuro do jornal impresso: a “revistização”. Ou seja, conteúdo variado e facilidade de enfiar na mochila e levar para todo canto.

Um bom pequeno jornal hoje traria, em minha opinião, um misto dos temas do Jornal do Campus e do seu suplemento. Inclusive com o ótimo aproveitamento da última página para a crônica, como acontece nos melhores tablóides do mundo.