Grevistas pedem punição de diretores

Prisão dos responsáveis pelo despejo de terra contaminada na no campus é novo eixo central para alunos da EACH

O prédio da diretoria da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP Leste, que estava ocupado por estudantes grevistas desde o início do mês de outubro, foi reintegrado por força do Batalhão de Choque da Polícia Militar no início da manhã do último sábado, dia 19. Mas, apesar disso, os alunos continuam mobilizados na greve, que envolve agora o pedido de prisão do ex-diretor da EACH, Jorge Boueri, do diretor atual, Edson Leite, e dos demais envolvidos no depósito de terra contaminada na Escola.

A abertura de um processo contra o atual diretor poderia, neste caso, não só forçar a sua renúncia, mas também resolver a questão ambiental da EACH, acreditam os grevistas. O professor José Carlos Vaz, que faz parte do núcleo de gestão de políticas públicas da USP Leste, ponderou, antes do ponto ser levantado, que a instauração de algum processo administrativo poderia ser um caminho para levar à renúncia de Leite, mas seria um procedimento demorado, “levaria meses”.

Desocupação

A reintegração de posse do prédio da diretoria da EACH sem aviso prévio surpreendeu devido a sua pacificidade. Havia 35 ocupantes no local quando a polícia chegou. Amanda Moreira, estudante que faz parte do comando de greve, estava no prédio da diretoria na hora da desocupação e conta que, cerca de 80 policiais estavam presentes.

Mas, após uma vistoria, os grevistas foram liberados. “(…) o oficial de justiça foi junto com o Batalhão de Choque, leu a reintegração para nós e iniciou a revista. Anotaram os nossos nomes, filmaram tudo o tempo todo e, então, começou a desocupação”, completa a aluna.

No entanto, apesar de a operação ter sido pacífica, o estudante Marcelo Fernandes afirmou que o Batalhão impediu que filmagens do ato fossem executadas, assim como impossibilitou o acesso de professores ao local, após eles terem sido informados da ação de reintegração. Fernandes conta que, após o processo, o diretor Edson Leite examinou o local e assinou um laudo constatando que tudo estava em ordem.

Mudanças nos eixos

Em Assembleia dos Estudantes da EACH nesta segunda-feira, os grevistas realizaram algumas alterações nos eixos do movimento estudantil. Antes da reintegração, os focos da greve eram a questão da contaminação do solo, o afastamento da direção atual e as eleições diretas. Mas agora, os estudantes pedem não só eleições diretas, como também a organização de uma estatuinte, “livre e soberana”, para a USP Leste, além de combaterem a abertura de sindicância para investigar os ocupantes da diretoria. No entanto, o novo eixo central do movimento é o pedido de prisão para Jorge Boueri, Edson Leite e todos os responsáveis pelo despejo de terra contaminada na EACH.

Durante a Assembleia, os grevistas fizeram também um balanço da ocupação e avaliaram que ela foi profícua e mostrou a força e o caráter pacífico do movimento, que está sendo bastante veiculado positivamente na mídia e tem ganhado simpatizantes. Eles vêem a possibilidade de os ocupantes sofrerem sindicância, mas acreditam que esse processo não deve ocorrer agora.