Módulos do Cepe apresentam riscos

Diretor discorda da gravidade, aponta goteiras como principais problemas e conta detalhes do projeto de reforma

Goteiras e disputas por horários nos módulos do Cepe são antigos problemas dos quais a comunidade uspiana vem reclamando nos últimos anos. Uma negativa novidade, porém, vem se apresentando aos atletas que frequentam o local: a situação precária dos pisos. Pregos expostos, tábuas desniveladas e buracos de até 60 cm² atualmente fazem parte das quadras cobertas.

Patrícia Beloni é estudante da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e goleira do time de futsal da Seleção USP. A atleta afirma que não há condições de treino e muito menos jogo nos módulos. “Está tudo um lixo. Não dá para se jogar [no chão], treinar queda, essas coisas. Às vezes, para mim, goleira, é melhor uma quadra de fora mesmo”, relata. “Mas as de fora também estão destruídas. Já me machuquei e me machuco direto”, lamenta a atleta.

Patrícia também conta que as equipes de futsal, sejam elas masculinas ou femininas e de atléticas ou da Seleção USP, foram proibidas desde o início deste ano de utilizarem os módulos. Segundo a assistente de coordenação do Cepe, Carolina Magalhães, os motivos são justamente a falta de segurança para os para os praticantes da modalidade.

A Liga das Atléticas Acadêmicas da USP (Laausp), órgão responsável pelas atléticas uspianas, confirma a informação da diretoria do Cepe e destaca ter pedido constantemente melhorias no local. “É sabido pela diretoria da Lauusp que os módulos estão em condição precária, colocando em risco os atletas que utilizam as quadras, mas infelizmente nós não temos condições financeiras de alugar quadras em melhores condições”, disse o vice-presidente da Liga, Victor Spitaletti Abrantes.

Assim, excetuando-se raras ocasiões, Patrícia deixou de frequentar as quadras cobertas nos últimos meses. A ver fotos recentes dos pisos, sua reação foi de espanto e revolta: “Isso é grave sim! É fácil virar, quebrar ou cortar o pé. Está bem pior do que antes”.

Ana Teresa Teixeira Magalhães é aluna da Escola Politécnica (Poli) e jogadora de handebol da Seleção USP. Ao contrário de Patrícia, a estudante atualmente treina nos módulos todos os dias da semana. As reclamações, no entanto, são bastante semelhantes. “Os pisos estão cheios de buracos. Quando tentam consertar as quadras realizam medidas paliativas que não resolvem o problema em si”, queixa-se a atleta.

Outro grande problema do módulo são as chuvas. As coberturas danificadas permitem a passagem de água e a formação de goteiras de diversos tamanhos em inúmeros pontos dos ginásios. Ana Teresa também reclama desta questão, e afirma que já presenciou acidentes durante atividades físicas realizadas no local. “Chove mais dentro dos módulos do que fora. Várias pessoas já escorregaram no local e acabaram se machucando de alguma forma”, conta.

Segundo a diretoria do Cepe, as chuvas são justamente o maior transtorno para a utilização dos módulos. Nas palavras de Carlos Bezerra de Albuquerque, diretor do Centro de Práticas Esportivas, “o principal problema dos módulos são os telhados. Quando chove, a água cai nos pisos. Se chove, ninguém joga”.

Bezerra ainda diz que, para ele, os pisos, quando secos, não apresentam graves ameaças aos frequentadores das quadras, apesar da situação precária flagrada pela reportagem do JC. “Acho que risco não. Só se o piso estiver molhado. Porque há o risco de escorregar. Lembra aquela situação do rapaz que teve uma farpa atravessada em sua perna? Não considero que esteja neste ponto”, afirma.

O “rapaz” citado pelo diretor é Robson Rocha Costa, jogador de futsal que morreu durante uma partida no Paraná em março de 2010. Ao dar um “carrinho”, lance comum na modalidade, uma farpa de madeira entrou na coxa do atleta de 23 anos, perfurando seus intestinos de forma fatal.

Novos módulos

Com previsão informal de entrega para 2014, há um novo projeto para as quadras cobertas do Cepe sendo desenvolvido desde o primeiro semestre deste ano. No papel, a ideia é criar um módulo no local onde hoje ficam as quadras com pisos brancos, apelidadas de “lixas”. Além disso, também está prevista uma reforma de grande porte nos seis módulos já existentes.

O projeto arquitetônico, que está sendo realizado pela empresa de arquitetura e engenharia Argeplan, será entregue até o fim deste mês de outubro, incluindo planilha orçamentária e memorial descritivo. Após esta etapa, haverá abertura do processo licitatório para empresas de engenharia que farão as obras. As informações foram fornecidas pelo diretor do Cepe, que, sem determinar uma data específica, aposta em fevereiro do ano que vem como período em que a licitação chegará ao fim. Somente após esse término as construções e reformas efetivamente terão início.

Bezerra explica que o longo e lento desenrolar do projeto ocorre devido à USP ser um órgão público, o que aumenta a burocracia nas diversas etapas da obra. De tal forma, não é possível que haja uma estimativa oficial sobre o término efetivo das obras.

Buraco de aproximadamente 60cm² preocupa atletas