Pesquisa mostra mau estado de croquis da USP

Os funcionários do Centro de Preservação Cultural (CPC) relizaram uma pesquisa que revelou que o acervo da Superintendência de Espaço Físico (SEF) da USP, estimado em 400 mil plantas arquitetônicas, desenhos e fotografias, está com sérios problemas de acondicionamento. O estado do local foi descoberto graças a um levantamento referente aos 19 bens tombados ou em processo de tombamento da Universidade.
A conservadora e restauradora do CPC, Cibele Monteiro, afirma que a equipe encontrou um acervo em estado grave de degradação. “Havia vários problemas de sujeira e de umidade, e as plantas estavam perdendo as informações”, diz.
Com a análise de 4415 dos trabalhos, que abrangia diversas décadas, o CPC pôde fazer um dossiê a respeito das condições do acervo. De acordo com esse relatório, constatou-se que 54% dos materiais estavam em estado ruim de conservação, enquanto que somente 1% poderia ser considerado bem armazenado.
Cibele afirma que foram apresentadas propostas e soluções para a melhoria da conservação do acervo, como a sugestão de criação de um centro de pesquisa documental. Ela explica: “Nosso trabalho não foi criticar a SEF, mas fazer com que seja lançado um olhar diferente sobre o tesouro que eles tinham”.
Rogério Bessa, arquiteto da SEF, afirma que a instituição já criou um grupo de trabalho para resolver os problemas do espaço. Segundo ele, o critério utilizado foi a relevância dos desenhos mais antigos e representativos do acervo. “Pretendemos digitalizar essas pranchas, mas infelizmente não temos prazo, porque o arquivo é gigantesco”, afirma.

Novos rumos

Apesar da situação do acervo, o projeto, que antes era apenas uma pesquisa quantitativa sobre os prédios históricos da USP, ganhou novos rumos. “Ficamos tão encantados com a beleza e a qualidade dos desenhos, que o diretor do CPC sugeriu que fizéssemos uma exposição”, explica a curadora Sabrina Fontenele.
O resultado foi a montagem de “O tempo das construções”, que reúne reproduções, plantas originais e fotografias do acervo. Durante a organização, o CPC já começou o trabalho de preservação e recuperação dos materiais. Segundo Sabrina, para acomodar oito plantas originais restauradas pela equipe foi construído um mobiliário especial, com controle de temperatura e umidade.
A exposição divide-se em três etapas: a “ideia”, com os croquis e primeiros esboços dos arquitetos; a “construção”, que mostra os desenhos técnicos e fotos do progresso das obras; e a “apropriação”, retratando o estado atual dos prédios, com intervenções dos que os ocuparam.
Aberta de segunda a sexta, das 9 às 17h, “O tempo das construções” fica disponível gratuitamente para o público até 21 de fevereiro de 2014, na Casa de Dona Yayá.