Corais da USP encerram ano com festivais

“Fazer novos amigos, desinibir e crescer culturalmente” são principais atrativos do canto coral, diz maestrina

Foto: Vitor Hugo

O Coral da ECA comemora os seus 40 anos de fundação com o Festival de Coros Comunicantus que aconteceu de 30 de novembro a 3 de dezembro, no auditório da Faculdade de Medicina. Acompanhando a comemoração na capital, o Encontro de Corais Luzes & Vozes comemora sua décima oitava edição em Piracicaba, no salão nobre da ESALQ (Escola de Agricultura Luiz de Queiroz), entre os dias 02 e 06 de dezembro com início ao meio-dia.

Histórico
Segundo o coordenador do projeto e professor titular da ECA-USP, Marco Antonio da Silva Ramos, o Comunicantus é um “laboratório didático”. O nome pertencia ao próprio coral da ECA, fundado em 1973 pelo professor Klaus Dieter-Wolf, quando ele era único. Com o surgimento de outros corais na escola, decidiu-se que esse seria o nome do conjunto de coros. Atualmente, o Comunicantus é um espaço de formação de jovens regentes, coralistas, professores e pesquisadores formados pelo Coral da ECA, Coral da Terceira Idade da USP, Coral Escola Comunicantus, Coral Universitário Comunicantus e a Classe de Regência Coral, cada um deles dedicado a um grupo específico de participantes.
“O Encontro de Corais é uma tradição na cidade e é esperado tanto pelos corais como pelo público como um marco de renovação de alegrias e esperanças” diz a Maestrina e coordenadora do projeto Luzes & Vozes, Cíntia Pinotti. Perguntada sobre quem pode participar do coro, ela lembra, “Villa-Lobos dizia que quem pode falar, pode cantar. Os grupos corais tem características e finalidades diversas e quem estiver interessado pode fazer somente uma entrevista, um teste vocal e começar a cantar!” O evento acontece há 18 anos e conta com a participação de diversos grupos corais do interior de São Paulo. Neste ano participarão 24 grupos corais das cidades de Piracicaba, São Pedro, Limeira, Rio Claro e Nova Odessa. O encontro apresenta canções natalinas e a entrada é franca, as apresentações têm duração de 20 minutos cada.

Festival de Coros
Ao abrir o primeiro concerto do Festival, Susana Cecília Igayara, professora do Departamento de Música da ECA-USP, doutora em História da Educação e organizadora do Festival de Coros relembrou a importância do coral na USP e nas atividades de extensão, em especial do Coral da Terceira Idade, formado por voluntários e “sempre com vagas lotadas”.
A Classe de Regência Coral, ministrada pelo professor Silva Ramos, foi responsável pelos primeiros cantos apresentados. Segundo o maestro, a apresentação tinha uma pequena ajuda dele e uma grande contribuição dos próprios alunos. A classe é formada por alunos do terceiro até o sexto ano de graduação de música. Os cinco cantos apresentados remetem à Renascença. Dois deles à Renascença Inglesa e os restantes à Renascença Espanhola. Segundo Susana, ambas são muito importantes para a formação de coralistas.
O Coral da Terceira Idade foi a segunda atração do dia. Sua linha teórica se divide em dois estilos, o “spiritual afroamericanos” (canções religiosas criadas pelos escravos norte-americanos) e o arranjos de música brasileira. A programação do espetáculo seguiu as linhas tradicionais do Coro, com exceções feitas as apresentações Psallite, do alemão Michael Praetorius e Serenata rimpianto, dos italianos Alfredo Silvestri e Enrico Toselli.
A terceira apresentação ocorreu ainda no sábado e teve como atrações o CUCO (Coral Universitário Comunicantus), o Coral Escola Comunicantus e o AcordaVocal, coral da Faculdade de Medicina da USP que foi convidado especialmente para o festival. Esee é dirigido pela professora Susana e formado por estagiários do Laboratório. O programa para essa apresentação foi marcado pelo versão de Pai Nosso (Otche nash) de Tchaikovsky.
Seguindo a programação o Coral da Escola Comunicantus apresentou-se na mesma tarde. Ele é formado por membros da comunidade USP: professores, alunos e funcionários. A regência fica por conta dos próprios alunos de graduação de música. A apresentação se mostrou eclética, contendo desde Oh, prodígio! Oh, stupor! de Mozart e até A Banda, de Chico Buarque.
O AcordaVocal fechou as apresentações do dia. O grupo foi fundado em 1993 e é composto por alunos da Faculdade de Medicina da USP. Ele é coordenado e regido pela maestrina Déborah Rossi. Na programação para Festival, Chico Buarque foi soberano. Da dezena de músicas apresentadas, oito pertencem ao compositor carioca.
O último dia de exibições contou com a apresentação do aniversariante Coral da ECA e do mais novo projeto do Comunicantus, o Coro de Câmara Comunicantus. Para o professor Silva Ramos, ainda que o coral comemore 40 anos, no papel “ele terá para sempre 18 anos”. A impressão se deve ao fato que o coro é formado pela “juventude”, os alunos de primeiro e segundo anos dos cursos de música. Participam dele os discentes das matérias de Canto Coral (a disciplina abre vagas de optativa para outros alunos da USP). Aproveitando a presença da professora húngara Lilla Gábor, a programação tem quatro cantos eslovacos com sets de Béla Bartók regidos pela professora intercambista. Além dos cantos europeus, o maestro Silva Ramos rege Magnificat-Alleluia, do brasileiro Heitor Villa-Lobos.
O concerto de estreia do Coro da Câmara Comunicantus encerrou com ar de modernidade o festival. O coro é formado por estudantes de graduação das disciplinas de música da Universidade. Seu diferencial está no uso de ferramentas de vanguarda, com aspectos tecnológicos, como gravações de ensaios que ajudam no aprimoramento dos participantes. A programação foi heterogênea, contou com obras brasileiras e europeias, além da apresentação inédita de João, uma “rapsódia para soprano, coro misto, conjunto de violões e percussão” segundo o regente, professor Silva Ramos. A composição é do aluno Iury Cardoso.