Ombudsman

Você se informa por jornais ou pela internet?

A pergunta é para você, estudante do Jornal do Campus: aonde você busca as notícias que te interessam, sejam as novidades de seu time, movimentações políticas ou a resenha de um filme que estreou? Talvez alguns respondam por jornais impressos. Mesmo estes, arrisco afirmar, devem ler mais seu diário ou revista preferido na internet do que na versão analógica.
Esta é a matriz do meu primeiro elogio e da minha primeira crítica a este grupo que, tão gentilmente, convidou-me para ser seu ombudsman. É muito bom que o Jornal do Campus tenha uma versão online e esteja em três redes sociais (Twitter, Facebook e Instagram). Sinal que estão atentos a estas plataformas que, não apenas os estudantes, mas também os demais membros da comunidade uspiana (professores e funcionários) provavelmente acessam mais do que os impressos para se informar.
Agora é usar tais plataformas “de verdade”, e não apenas reproduzindo o conteúdo do impresso. E sem o preconceito de achar que se trata de algo menor, menos importante. E, ainda melhor, aproveitando a grande quantidade de novos recursos oferecida.
Fica minha sugestão: que alguns alunos sejam destacados apenas para cuidar das redes sociais e do site. Poderiam ser alguns para o site e pelo menos um para cada rede social. A medida, além de dar aos estudantes a oportunidade de explorar esses espaços de forma efetiva, ainda reduziria a disputa por espaço no jornal físico.
O impresso segue com sua importância e com sua dose de credibilidade. Por outro lado, quem tem que experimentar, arriscar e descobrir o que fazer com esse mundo de possibilidades virtuais são vocês.
Novas plataformas possibilitam ideias de fato novas. Só não esqueçam que o propósito final, o grande pano de fundo de tudo, é o jornalismo, é informar as pessoas.
E aí, por favor: ousem.

Liberdade editorial: Fico feliz em ver que, pelo menos aparentemente, não há nenhum tipo de tutela por parte da reitoria ou mesmo da direção da faculdade. Espero que seja assim mesmo e que isso se mantenha. No mercado a história é outra, mas a busca tem que ser sempre pela liberdade de noticiar tudo o que for necessário, doa a quem doer.
Didatismo: Há uma preocupação com o didatismo nas reportagens como a do orçamento da USP. Isso é ótimo e deve ser uma preocupação cada vez maior. Mesmo que o público-alvo seja a comunidade universitária, não dá pra pressupor que todos saibam do que está sendo dito, ainda mais com cifras e questões técnicas envolvidas. E frente a uma informação como “para os hospitais, a dotação foi reduzida em 10%”, é sempre bom perguntar: na prática isso significa o quê? Menos pacientes atendidos, equipamentos de pior qualidade?
Prática esportiva: O título diz que ela é “consentida”. Para os corredores, pode até ser, mas essa não é a regra geral. Sugiro uma reportagem ampla mostrando que a USP é praticamente fechada para a população, seja praticante de esportes ou não. Ciclistas são liberados apenas de madrugada e, em uma cidade tão carente de espaços verdes ou áreas de lazer e de esportes, a USP segue dificultando seu uso como tal, em uma atitude um tanto elitista.
Tenho ainda comentários a fazer sobre a matéria da Aids, a do cinema “obsceno”, sobre o design… mas o espaço no impresso é limitado. Quem sabe o ombudsman também não ganha um espaço no online?

Lino Bocchini é editor de mídia on-line de CartaCapital