Orçamento da USP é negativo há três anos

Déficit na balança da Universidade atingiu a marca de R$1 bilhão no último ano da gestão de João Grandino Rodas

Por Aldrin Jonathan e Bruna de Alencar

A situação financeira da Universidade de São Paulo (USP) é bastante delicada. Segundo os documentos apresentados na reunião do Conselho Universitário (Co), no dia 25 de fevereiro, desde 2011 a Universidade tem orçamento anual negativo. O comprometimento da receita com pagamento de pessoal foi o principal motivo do aumento dos gastos. O maior aumento foi para os funcionários com nível básico de carreira: 26,9%. Em 2011, os gastos com folha de pagamento superaram a verba que a instituição havia recebido do Tesouro Estadual, vindos dos 5,029% fixos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o que deixou um déficit de R$ 71 milhões. Já no fim de 2012, houve uma escalada dessas despesas e a instituição teve caixa negativo no valor de R$ 572 milhões. Em um ano, o comprometimento da receita para pagamento de pessoal era quase total (96%), sendo as demais despesas, como custeio e investimento, pagas através de reservas e outras fontes. Apesar da instituição avançar sobre suas economias, os gastos não sanaram. Em 2013, último ano da gestão Rodas, o comprometimento da receita com folha de pagamento chegou aos 100% devido aos inúmeros aumentos de salários. E, paralelamente, os valores destinados a investimentos e custeio, como obras públicas e bolsas também aumentaram de 2 a 3%. Desse modo, o orçamento avançou 23% sobre as reservas deixando um déficit de R$ 1 bilhão.
Segundo Magno de Carvalho, diretor de base do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), é irresponsável tentar culpabilizar o aumento salarial dos funcionários porque os valores que eram pagos estavam muito abaixo do piso salarial e tanto o Sintusp quanto a universidade prezam pelo plano de carreira do funcionário. “Esses aumentos que estão sendo alegados não são aumentos salarias”, explica Magno. De acordo com ele, há anos é travada uma luta pela carreira dos funcionários da USP, já que sempre houve grandes distorções na relação de salário. “A carreira não é o momento que você pede aumento de salário para todos, mas sim para os que estão abaixo se comparados com outros que exercem a mesma função.” Vale ressaltar que, desde 2010, não houve mais greves de funcionários da universidade.
A proposta apresentada na reunião do Co prevê que a situação da folha salarial dos servidores técnicos e docentes será preservada, assim como as atividades dos cursos de Graduação, de Permanência Estudantil e de Extensão.