Para alunos, DCE não representa toda a USP

Falta de informação sobre as funções do Diretório e o processo eleitoral geram muitas dúvidas entre estudantes

Por Fernando Pivetti e Gregório Nakamotome

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) ainda encontra dificuldades em expandir suas ações e debates a todos os alunos da USP. Para muitos discentes, o movimento estudantil é uma realidade distante do cotidiano da universidade e os processos eleitorais, por meio do qual se elegem representantes, mantêm-se desconhecidos.
Com a aproximação das eleições para a gestão 2014 do DCE, a presença e a função da entidade voltam a ser debatidas pela comunidade USP. Em diversos institutos dos 11 campi, estudantes, sobretudo calouros que também possuem direito ao voto, não sabem como funciona o processo eleitoral para a representação estudantil. Gabriela Goldenberg, aluna do curso de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis (FEA), afirma que muitos colegas desconhecem o DCE, suas funções e estruturas. “Muitos amigos meus acreditam que apenas existem os Centros Acadêmicos e os Grêmios de cada faculdade”.
Segundo Igor Moreno, presidente da atual gestão do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito (FD), existe um grande distanciamento entre o Diretório e os estudantes. “Na Faculdade de Direito, por exemplo, as eleições do DCE costumam atingir um quórum equivalente a um quarto do total de pessoas que votam nas eleições para o CA”. Ele ressalta que esse distanciamento prejudica o aprofundamento do debate político em torno de assuntos importantes. “Um exemplo gritante dessa falta de comunicação, que resulta em desinteresse generalizado, é a falta de solidariedade à atual situação dos alunos da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), na USP Leste.
Para os membros da gestão 2013 do DCE, a entidade vem passando por um processo de reaproximação dos alunos. Segundo Gabriel Lindenbach, integrante da gestão intitulada “Não vou me adaptar”, ainda que a relação DCE-estudantes não se encontre em seu cenário ideal, o Diretório tem estado mais presente na universidade. “Um sinal dessa mudança é o salto, entre as eleições de 2011 e 2012, de 7 mil para 14 mil votantes no total”. Desde o fim da gestão 2013, em 10 de dezembro, um conselho gestor, composto por representantes dos Centros Acadêmicos, comanda provisoriamente a entidade. As eleições ficam sob responsabilidade da Comissão Eleitoral, escolhida pelo Conselho dos Centros Acadêmicos (CCA).
De acordo com o estatuto do DCE, uma das principais funções da organização é representar os interesses e posições políticas de todos os estudantes da universidade. Para Henrique Geddo, aluno de arquitetura e membro da atual gestão do Grêmio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Gfau), essa representação não funciona na prática. “A forma como o DCE está estruturado hoje o torna um aparelho de competição. As pessoas que fazem parte do contexto do movimento estudantil estão inseridas, na maioria das vezes, em uma disputa de oposição”. Fernando Motta, também membro do Gfau, afirma que não vê o Diretório como representação de estudantes da USP, mas sim como “uma entidade composta por ideologias de grupos”.
Arielli Tavares, membro do atual conselho gestor do DCE, destaca que é papel do Diretório avançar na representação dos alunos e que as eleições visam esse objetivo. “O elemento fundamental é que a eleição deve ser uma expressão não apenas do movimento estudantil, mas também do projeto de universidade que é de interesse dos alunos”. A votação para escolher a próxima gestão do DCE acontece nos dias 8, 9 e 10 de abril de 2014.

Infográfico: Fabio Manzano

Atualização

Na edição impressa, a informação de que é necessário 30 alunos para a criação de uma chapa foi veiculada. No entanto, a informação correta é a de que 13 alunos ao menos, são necessários para formar uma chapa.