Técnica melhora transplante com pele suína

Novo procedimento representa avanço significativo em tratamentos realizados através de transplantes com pele animal

Aluna do Ensino Médio desenvolveu um método que transforma pele de porco em pele artificial 100% compatível com a pele humana e foi premiada com o primeiro lugar na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE).
Ângela Ferreira de Oliveira, estudante da escola técnica Prof. Carmelino Correa Junior, em Franca, interior de São Paulo, criou o projeto como opção de transplante para vítimas de queimaduras, danos cutâneos e úlceras, já que a doação de tecidos humanos é pouco difundida. Devido à falta de informações, os bancos de tecidos são insuficientes para atender as demandas por transplantes.
Com o desenvolvimento desta pele artificial 100% compatível, podem-se evitar rejeições e danos ao sistema imunológico, além da possibilidade de se substituir transplantes temporários por definitivos.
O tecido suíno é 78% compatível com o humano e é utilizado em transplantes devido à possibilidade de se sobrepor à pele lesionada e formar uma proteção durante o tempo de recuperação, o que possibilita que a pele danificada absorva elementos estruturais deste tecido e acelere a recuperação.
Porém, se utilizada em procedimentos cirúrgicos, a pele pode sofrer rejeição depois de cerca de dois meses, o que gera a necessidade da troca por outra. Com a nova técnica, ela pode continuar no corpo.
A pele obtida imita a humana com toda a sua estrutura de epiderme e derme, ou seja, o tecido animal obtido servirá como estrutura de apoio para que o organismo do transplantado reconstrua com eficácia a área de pele lesionada.
Orientada pela professora Joana Félix, Ângela usou colágeno gelificado sustentável. Em vez de comprar o produto, utilizou o colágeno criado por Wesley José de Souza, feito a partir de resíduos de couro. Se comprado, o quilo custaria R$ 53. Com o método de Wesley, aluno orientado pela professora Félix, o quilo passa a custar R$ 1,45. O custo total da pele é acessível – uma peça do tamanho aproximado de uma mão tem valor médio de R$ 84.
Uma das dificuldades a ser superada é a pigmentação. Com a transformação a partir de material suíno, a pele será branca. “Quando a pessoa tem pele mais escura, colocar uma branca pode causar constrangimento, porque pessoas vão olhar estranho”, disse Ângela.
Como solução, pensa em desenvolver peles em quatro pigmentos para melhor atender as vítimas.

Foto: Rogério Geraldo / Infográfico: Valdir Ribeiro Jr.