Alunos ressaltam problemas no Crusp

Moradores irregulares, vagas escassas e falta de rotatividade dificultam o oferecimento de moradia estudantil

O Conjunto Residencial da USP (Crusp) tem, aproximadamente, 1800 quartos – divididos entre os alunos de graduação e pós. Contudo, as 150 vagas disponibilizadas para a primeira chamada aos alunos ingressantes em 2014 não serão suficientes para sanar a demanda estudantil por moradia.
O processo de seleção é realizado pela Superintendência de Assistência Social (SAS) e ainda está em curso. No momento, candidatos que não têm onde morar podem pedir auxílio emergencial ou ficar alojados nos Alojamentos Coletivos Provisórios, nos blocos E, C e G do Crusp – são ao todo 98 vagas. Os quartos dos alojamentos comportam, em média, de oito a doze pessoas. C., ingresso em 2012, conta que conseguiu a vaga somente seis meses após a inscrição, mas lembra de colegas que chegaram a morar nos alojamentos por quase dois anos.

SAS reconhece irregularidades e busca meios legais para solucionar problemas sem grandes danos (Foto: Susana Berbert)
Distribuição de vagas

Segundo, D.S, estudante do terceiro ano do curso de Letras, assim que o estudante conquista a vaga no Crusp, é ele quem deve procurar um quarto. “Tem que ir batendo de porta em porta para conversar com os moradores do apartamento e ver se há vaga lá. É o que a SAS chama de ‘conseguir vaga por afinidade’”, conta. “Se encontrar um apartamento com vaga, e for aprovado, tem que colher a assinatura dos moradores”.
Após este período, se continuar sem quarto, a SAS organiza um sorteio em que as vagas não preenchidas são distribuídas sem o critério de ‘afinidade’.
C. lembra que é quando o aluno vai atrás da vaga sorteada é que acontecem conflitos com os moradores irregulares. Conta, inclusive que alguns novatos chegam a ser ameaçados fisicamente por moradores que se apossam de todo o apartamento – denuncia o caso em que um dos ocupantes, sem vínculo com a USP, afixou na porta do apartamento um aviso de que a vaga estaria ocupada, sem que estivesse de fato.
Apesar de não ser permitido, muitos alunos acabam hospedando os que não conseguiram uma vaga no Conjunto. “Sei que há muitos alunos da USP que moram no Crusp como hóspedes ‘irregulares’. Isso acontece pois o Regulamento do CRUSP só permite que haja um hóspede regular em cada apartamento. Porém, não considero isso uma irregularidade, mas sim um caso de necessidade”, comenta C.
De acordo com a Associação de Moradores do Crusp (AmorCrusp), além das irregularidades citadas, também há casos sabidos de moradores que – apesar de terem alta renda – usufruem da vaga. “O grande prejudicado é o novo morador, que recebe a vaga da SAS, mas não tem garantia de poder ocupá-la”, afirmam.
O superintendente da SAS, Waldyr Antonio Jorge, afirma que os casos são conhecidos e que as assistentes sociais estão em constante acordo com os moradores para resolverem a questão sem maiores danos. “Estamos usando todos os meios legais, formais, para que eles sejam convidados a se retirarem. Alguns resistem. Mas nunca a gente chega lá e fala que ele tem que ir embora da noite para o dia. Não vou jogar o indivíduo no meio da rua, no meio do sereno. Nós temos o dever de fazer essa negociação e chegar em um acordo”, afirma. Ainda segundo o superintendente, o número de vagas na moradia estudantil não é a causa do problema de distribuição e seleção de vagas. “Nós somos a Universidade que oferece o maior número de vagas no Brasil. O que falta é a rotatividade permanente.”