Denúncia de atos violentos em festas

A violência contra mulheres e LGBTTs continua ocorrendo com frequência em festas na USP. Já em 2014, foram feitas diversas denúncias, de agressões físicas, assédios e humilhações nas redes sociais – páginas dos eventos e as páginas de frentes e coletivos no Facebook. A Frente LGBTT da USP diz que não há nenhuma iniciativa da Universidade para contabilizar os casos – e medidas institucionais ainda são poucas.
O estudante de Relações Internacionais, Cristiano Ferraz, conta que foi em uma festa no dia 29 de março. A agressão foi feita por 15 rapazes que tinham também assediado um grupo de meninas. Ferraz relata que os agressores haviam lhe direcionado diversos insultos homofóbicos. “Alguém me deu um soco, caí no chão e fiquei em choque”. Conta ainda que tentaram chutá-lo, mas foi amparado por colegas.
As alunas Isabella di Giovanni, da ECA, e Gabriela Bortoleto, da Filosofia, também foram agredidas. Isabella conta que, em uma festa, após se esquivar de um rapaz tentou beijá-la, teve o cabelo puxado. Já Gabriela sofreu uma agressão transfóbica na FFLCH. A agressora, conta, disse que ela não seria mulher e tentou arrancar sua saia. Mais tarde, a estudante voltou a agredi-la com um tapa.

Mesmo semanas após a agressão, as cicatrizes permanecem (Foto: Bárbara D’Osualdo)
Ações preventivas

Por conta de casos como esse, Gabriela e Lin Char, da FFLCH, decidiram criar a página Não Passará – USP, para denunciar casos de violências misóginas, transfóbicas e bi-lesbo-homofóbicas em festas na USP. “Ter um espaço dedicado para denúncias dá mais visibilidade aos casos. Aí os coletivos feministas e LGBTT, podem lidar melhor”, afirma Gabriela. Para a estudante, uma medida que poderia trazer mais segurança às festas seria a criação de um efetivo de segurança de mulheres já familiarizadas com causas feministas.
Augusto Malaman, da Frente LGBTT da USP, afirma que ela tenta resolver os casos com ações pontuais, mas que deveria haver um plano institucional para lidar com a violência – com ações responsivas e preventivas (ações institucionais, campanhas e espaços de discussão).“Não é apenas importante resolver um caso de agressão. Temos que ter um espaço em que as pessoas não são agredidas”.

Responsabilidade

As festas são, na maioria, organizadas por atléticas ou centros acadêmicos das unidades. Segundo as normas da universidade, toda entidade precisa seguir pré-requisitos dos órgãos de segurança para grandes festas.

Malaman, aponta que. “Delegar a responsabilidade para entidades é reconhecer que é normal não haver um sistema mais amplo, institucional, de segurança”.