Forma ou conteúdo?
Fique com os dois
Costuma ser consenso entre jornalistas que o conteúdo é mais importante do que a forma. Para outros tantos, é só o conteúdo que interessa. Por esta lógica, deveríamos ler tudo o que nos cai na mão, por mais desinteressante que pareça e por menos tempo que tenhamos. Afinal, nunca saberemos se, ali no meio daquela montanha mal diagramada de letras, há algum conteúdo que mereça a nossa atenção.
Compreendo, claro, que o Jornal do Campus é feito por estudantes de jornalismo, e não de design. Mas em um mundo no qual somos bombardeados por centenas de ofertas de conteúdo diariamente, nas mais diferentes plataformas, não me parece uma boa estratégia descuidar da apresentação. E o Jornal do Campus é, digamos, pouco atraente.
A reportagem de página dupla sobre a proibição da publicidade infantil, por exemplo, é um exemplo claro. O conteúdo é ótimo. Se eu não fosse o ombudsman convidado, contudo, sinceramente não encontraria ânimo para mergulhar naquele oceano de letras.
Reconheço o esforço em montar quadros e testar layouts diferentes –principalmente no caderno Claro. Porém, mesmo em publicações como a revista Piauí, que em tese foca totalmente no conteúdo, a apresentação não é esquecida. O formato do papel, sua gramatura, a tonalidade, a disposição das colunas, o apoio das pequenas charges, a grande foto de abertura… tudo isso foi muito bem pensado na Piauí. E, desta forma, aumentam as chances de o leitor se aventurar a ler algum destes que são os maiores textos da imprensa brasileira.
No vídeo que está no site do JC coloco algumas sugestões para uma melhoria da aparência deste periódico: uma reforma gráfica, a parceria com algum outro curso (mesmo da FAU) etc. Mesmo que nada seja feito, é fundamental o debate sobra a importância do layout.
Termino fazendo um pedido: produzi este texto menor do que o pedido original –3.000 toques. Ele está com cerca de dois terços disso. Por favor não ocupem o resto do espaço com nada. Peço que seja mantido na página o mesmo espaço que estava previsto originalmente. O mesmo tamanho de título, a mesma fonte de sempre. E aí brinquem com o branco que irá sobrar no espaço. Já é um bom exercício.