Reajuste salarial nulo é rejeitado por trabalhadores

O pedido de reajuste apresentado pelo Sindicato dos Trabalhadores (SINTUSP) e a Associação de Docentes (ADUSP) da USP reivindica, entre outras questões, aumento médio de 9,5% sobre as folhas de pagamento. Representantes das entidades afirmam que não aceitarão arrocho salarial proveniente da dificuldade financeira pela qual passa a Universidade.

Segundo o professor Ciro Teixeira Correia, presidente da ADUSP, o reajuste está baseado no Índice de Custo de Vida (ICV) medido pelo DIEESE entre os meses de maio de 2013 e abril de 2014, estabelecido em 6,44%, acrescido em mais 3% para reposição das perdas de anos anteriores.

Em relação ao atual comprometimento da receita universitária com folha de pagamento, previsto em cerca de 105% em 2014, segundo dados divulgados pelo atual reitor, Marco AntonioZago, em carta enviada a comunidade acadêmica, o professor ressalta ser “Consequência do descontrole da gestão anterior e do não empenho das sucessivas administrações em lutar por mais recursos para o financiamento das universidades públicas estaduais”.

Magno de Carvalho, diretor do SINTUSP, reforça as questões levantadas por Ciro. Para ele há um descompasso entre as necessidades da Universidade e suas receitas. Também destaca situações que julga não serem prioritárias, como a compra de um imóvel no Butantã ou a reforma do prédio da reitoria, entre outras,que foram privilegiadas num momento em que a Universidade já estava em crise financeira. Porém ressalta que estes gastos afetaram as reservas, mas não tiveram reflexo no comprometimento das receitas com folha de pagamento.

Em relação às receitas da USP, Ciro aborda as manobras contábeis do governo do Estado, que acarreta em redução nos repasses, como um agravante para os problemas atuais. “Como demonstram as matérias de capa dos Informativos Adusp 379 e 380, disponíveis em www.adusp.org.br, só em 2013 o governo deixou de repassar para a USP R$ 540 milhões, equivalentes à 6% do orçamento do ano, ou seja, se tivéssemos recebido o que nos é devido, mesmo nos termos da previsão atual de 9,57% do ICMS para as três universidades estaduais, o comprometimento teria ficado abaixo dos alegados 101%.”, ressalta.

Magno aponta o aumento dos recursos destinados às universidades estaduais, abordado na Pauta Unificada de Reivindicações 2014, elaborada pelo Fórum das Seis que é composto pelo SINTUSP, ADUSP e associações análogas de UNESP e UNICAMP, como solução para a atual demanda financeira. Também ressalta que a Pauta não privilegia apenas o aumento de salários nas três universidades, mas busca retomar antigas solicitações, como o aumento da parcela do ICMS destinado à educação e o aumento dos repasses ao Centro Paula Souza.
Em relação à concessão de benefícios aos funcionários, no ano passado, como um possível potencializador da crise atual, Magno ressaltou que não receberam nada de extraordinário e os benefícios que já tinham foram ajustados no mesmo patamar dos salários, cerca de 5,39%.

Já com relação aos salários que ultrapassaram o teto constitucional, o professor Ciro fez questão de destacar que “Essa é uma questão séria, porque, tem o viés de procurar caracterizar toda uma categoria que tem salários modestos diante do grau de formação necessário e da importância social do trabalho que desenvolvem, como ganhando a mais do que o que seria justo. Um professor titular, que para chegar a esse nível precisa de 20-30 anos de carreira, mestrado, doutorado e livre-docência, tem um salário base em Regime de Dedicação Integral de R$ 13.656,62”, e completou relatando que “O principal problema está em o teto ser fixado no subsidio do governador do estado, que como todos sabem, não é cargo de carreira pública e tem todas as verbas de representação e mordomias que fazem com que suas contas não sejam arcadas pelo seu salário”.

Infográfico: Daniel Morbi

Reunião do último dia 12 terminou sem acordo

O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (CRUESP) se reuniu nesta segunda com integrantes do Fórum das Seis para discussão do reajuste salarial, porém apresentaram proposta de congelamento dos salários em função dos problemas financeiros da USP.

A proposta foi rechaçada e uma nova reunião foi marcada para a próxima quarta, 21/05. Até a data serão realizadas assembleias para a discussão de possíveis atos de mobilização em defesa do reajuste. Quanto a indicativos de greve, o professor Ciro relatou que ainda não há nenhuma previsão, porém ressaltou que a questão será deliberada na Assembleia Geral Ordinária que será realizada nesta semana. Mesmo sem a definição, há uma paralisação prevista para o dia da próxima negociação.