O curso sofre com a falta de laboratórios e alunos dizem não receber preparo adequado na Unicid
Com o campus da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) interditado, os alunos de Obstetricia foram alocados na Universidade de São Paulo (Unicid), local onde não é possível desenvolver o curso em sua totalidade. Os alunos alegam que a falta de condições torna o curso defasado e prejudica a formação dos futuros profissionais.
O ambiente alugado pela USP, além de não ter laboratórios, não oferece acesso à rede, a biblioteca não permite o empréstimo de livros, não há sala pró-aluno, entre outros recursos necessários para que o desenvolvimento das aulas e atividades complementares atenda um nível desejável.
A Unicid, localizada na Rua Cesário Galeno, 475, Tatuapé, está abrigando a maior parte dos alunos dos períodos matutino e vespertino, assim como a FATEC Tatuapé, localizada na Rua Antonio de Barros 800. Os dois locais são separados pela linha do Metrô (Linha 3- Vermelha), que, de acordo com alunos, aumenta o tempo de deslocamento entre os locais. Recentemente o setor de graduação começou a funcionar na FATEC, assim como o Restaurante Universitário (bandejão).
Segundo as alunas do quinto semestre de obstetrícia, Quezia Rebeca Flores e Nabila Fernanda, o bandejão abriga apenas 50 pessoas de cada vez, incluindo os alunos da própria FATEC, e fornece apenas almoço. Ainda não há jantar para os alunos que fazem curso integral ou para aqueles que fazem aulas noturnas na FATEC.
Não há interação ou convívio social com os amigos de outros cursos ou com os estudantes da Unicid. Pelo contrário, os alunos entrevistados sentem-se deslocados. “Sinto falta de um espaço para estudar, posso até ir na biblioteca mas não é a mesma coisa, não me sinto a vontade aqui na Unicid”, afirma Quezia.
De acordo com alguns alunos entrevistados, os seguranças do prédio criam problemas com os alunos na entrada e já houve casos em que estudantes tiveram que voltar para casa por mal funcionamento de carteirinhas na catraca.
Obstetrícia
Segundo aluna Nabila Fernanda parte do aprendizado do curso, que requer uso de laboratórios, está sendo perdida. “Aulas práticas em salas normais defasam totalmente o conteúdo estudado”, relata, “o nosso curso trata da saúde das mulheres e é muito invasivo, temos que ter um bom preparo”.
Alguns alunos, pensando na defasagem que o curso encontraria, optaram por trancar matérias ou o semestre todo, como é o caso da aluna do quinto semestre de obstetrícia Gisele Preiss. A turma dela teria aulas práticas em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da região que, devido ao atraso do início das aulas, teve que ser cancelado e passou a ser apenas uma aula teórica, em sala de aula. “Eu passei na USP, e é lá que quero estudar. A Unicid não comporta meu curso com qualidade”, afirma Gisele. A aluna contou que só pretende dar continuidade ao curso quando tiver certeza que ele oferecerá “condições de estabelecer um atendimento correto e como a mulher merece”.
A coordenadora do curso, Nádia Zanon Narchi, diz que atividades práticas serão realizadas em laboratórios que a EACH montará. “Professores estão se organizando no sentido de proporcionar as melhores condições de ensino aprendizagem aos alunos do curso de Obstetrícia seja na teoria ou na prática”, garante.