USP estuda implantar faixa de ônibus no campus

Área próxima à portaria 1 receberá faixa exclusiva, que não tem previsão para ser implantada

Nos horários de maior movimentação no campus Butantã da USP – entrada e saída de aulas – é comum que haja congestionamento de carros e ônibus próximo às portarias. Os menos de 2 km do trajeto da Casa de Cultura Japonesa, no fim da Avenida Professor Lineu Prestes, até o metrô Butantã, chegam a demandar 40 minutos usando o circular 8022. Pensando nisso, a Prefeitura do Campus USP da Capital (PUSP-C) está realizando estudos para implantação de faixas exclusivas de ônibus na Avenida da Universidade e Praça Professor Reynaldo Porchat, vias que desembocam na portaria 1 (P1).

O projeto ainda está no seu estágio inicial, por isso não há previsão para que o lado direito da pista se torne restrito aos coletivos. Para a implantação, a PUSP-C ainda pretende mudar a área de estacionamento permitido naquela via e alargar um trecho da avenida próximo à P1. A poda de árvores está sendo estudada junto à prefeitura da cidade de São Paulo, para que obedeça à legislação ambiental.

Foto: Lara Deus

Professor da Escola Politécnica (Poli) e especialista em Transporte Urbano, Orlando Strambi concorda, em geral, com a política de implantação de faixas exclusivas de ônibus. No caso específico da Cidade Universitária, acredita que deve haver as análises para comprovar a necessidade da restrição nas regiões que congestionam. Para ele, estes estudos podem também indicar algumas adaptações em relação ao que está sendo feito na cidade, como o horário em que funcionará a exclusividade.

“Tirar o ônibus do congestionamento é fundamental”, explica Strambi. Isto porque, com a implantação de uma faixa exclusiva, outros problemas seriam solucionados. Segundo ele, quando uma linha tem a velocidade média diminuída, mais viagens são feitas, o que gera intervalos menores e, consequentemente, o tempo de espera no ponto de ônibus cai. Assim, poderia se resolver também o problema da lotação excessiva, já que com intervalos regulares é possível distribuir os passageiros uniformemente pelos veículos.

O grande número de carros tentando sair do campus e o congestionamento que isso provoca nos horários de pico foi o que fez Luís Tonolli a mudar seu itinerário para casa. O estudante da Poli, que antes pegava a Linha 4-Amarela do metrô logo que saía da Cidade Universitária, agora tem que desembarcar próximo ao portão da CPTM e voltar de trem. Por causa da lotação dos ônibus, ele acredita que o aumento do número de veículos também deve ser providenciado. Além disto, para ele, “não adianta criar essa faixa só dentro da USP, ela deveria alcançar a estação”, explica ele.

Em São Paulo, as faixas exclusivas de ônibus se multiplicaram desde 2013 e até agora já foram criados mais de 150km em toda a cidade. Uma pesquisa do Datafolha feita em setembro de 2013 apontou que 88% dos paulistanos aprova esta política. Mesmo entre os motoristas de carros, a porcentagem foi alta, ficando em 77%.

Veja mais sobre o assunto na entrevista com Orlando Strambi aqui.