Em meio à greve, terceirizados temem futuro incerto no trabalho

A greve deflagrada no final do mês passado por funcionários, professores e estudantes da USP contra o reajuste salarial de 0% e a crise orçamentária na USP afeta também os funcionários terceirizados. Embora seja a única que opera normalmente na universidade hoje, a categoria também acompanha os rumos da greve, que altera a rotina desses trabalhadores.

“O movimento de alunos, professores e funcionários da USP aqui tem sido muito baixo”, afirma Simone Silva, segurança do prédio do Departamento de História. “Mas os vigilantes estão trabalhando normalmente, e não acredito na possibilidade de entrarmos em greve, já que estamos vinculados ao Sindicato dos Empregados em Empresas de Vigilância no Arouche, e não ao SINTUSP”, afirma. Para Simone, embora a greve diminua o movimento e abrande a rotina do local onde trabalha, os horários e as atividades não mudam. “Greve que nos afetou mais foi mesmo a dos metroviários”, continua. “Muitos tiveram problemas para chegar até aqui”.

Outros trabalhadores terceirizados, no entanto, acabam acompanhando com mais aflição o desenrolar da crise financeira da USP e das greves. O também segurança J.S. teme que a situação, no fim, prejudique a categoria. “É mais barato para a USP cortar o terceirizado. A situação está complicada, já teve redução de pessoal, e temo que as coisas possam ‘estourar’ na gente”. J.S., porém, apesar de estar ciente de dos riscos que o desenrolar da greve podem trazer à categoria, diz apoiar a manifestação. “Tem muita coisa mal explicada. Como é que tinha tanto dinheiro e agora não tem mais? Não tinha dinheiro e tem essa biblioteca gigante, Nova Reitoria, reforma na praça do relógio. De onde veio isso, então?”, questiona, indignado.

O apoio à greve, porém, não é compartilhado por todos os terceirizados. A faxineira M.S. compara os benefícios recebidos pelos funcionários da Universidade e os seus. “Eles já ganham bem, e ainda têm muitos benefícios de vale-alimentação e outras coisas. Deveriam olhar mais para todos os trabalhadores daqui também, inclusive nós, e não só lutar por eles. Somos uma parte importante daqui da USP e quase nunca lembram do nosso trabalho”.