Adusp em assembleia mantém paralisação

A votação ocorreuo último dia 2, meio às propostas de suspender a greve até agosto ou de mantê-la

Foram 127 votos a favor da manutenção da greve. 3 abstenções e nenhum contra Foto: Gregório Nakamotome

Em assembleia da Adusp no dia 2 de julho, ocorrida auditório da Faculdade de Educação, 130 professores da USP votaram pela manutenção da greve. Nenhum foi contrário à proposta de continuidade da paralisação e apenas três se abstiveram de votar.

A proposta inicial de discussão da manutenção ou suspensão da greve apresentada pela Diretoria da Adusp foi amainada pelo anúncio, enquanto acontecia a assembleia, de que o Cruesp (Conselho dos Reitores da Universidades Estaduais de São Paulo) se reuniria com o Fórum das Seis no dia seguinte, às 16h. “Sinceramente, nem acho que valha a pena discutir se devemos votar a continuidade ou suspensão da greve com essa reunião acontecendo amanhã”, afirmou Ruy Braga, professor do Departamento de Sociologia, acompanhado em sua opinião por muitos outros professores.

Após informes de docentes de cada unidade da USP, onde apresentavam a situação da greve em seus respectivos departamentos, foi dada a palavra àqueles que desejassem se manifestar contrários ou a favor da continuidade da greve. Dentre as propostas apresentadas pela Diretoria da Adusp, uma contemplava a suspensão da greve até agosto, com fortalecimento da Comissão de Mobilização e estudo de encaminhamentos para reposição de aulas e encerramento do semestre; e a outra, vencedora, não suspendia a greve nas férias e mantinha a paralisação.

‘Provocações’ de Zago

A recente entrevista do reitor à revista Veja e ao Estado de S.Paulo e o uso que ele tem feito da mídia foi um dos principais temas e causa de revolta na Assembleia. “O bom dessa entrevista que ele deu à Veja é que o Zago fez com que professores que normalmente não se indignam, se indignassem. É um absurdo. Zago defende apenas a Pesquisa na Universidade, esquecendo-se da Extensão e do Ensino”, afirmou o docente Osvaldo Coggiola, da História.

A intransigência de Zago em negociar com as categorias e a incapacidade em apresentar propostas orçamentárias ao governo também foram citadas. Os professores que discursaram citaram a importância da continuidade da greve como forma de mostrar ao reitor que não seriam vencidos por cansaço. “Se suspendermos essa greve, estaríamos suicidando nosso movimento. E matando não só ele, como também todas as greves futuras. Tenho 50 anos de USP e, como digo há muito tempo, greve na USP tem que durar mais de 90 dias para ter força”, ressaltou Tibor Rabóczkay, professor do Instituto de Química.

Balanço da greve

Os professores reconhecem que a adesão à greve na categoria ainda é  irregular e as conquistas não são claras a todos. Ressaltam, no entanto, que a greve serviu para questionar os intuitos do Governo com a Educação Pública, evidenciar a estrutura ‘política e moralmente falida’ de gestão do reitor e ter dado maior união e força entre as universidades estaduais paulistas e as categorias envolvidas. E entendem que, por haver a mobilização conjunta com outras categorias e por ser ano de eleição, têm mais chances de serem ouvidos.