Ato reivindica cotas sociais e raciais na USP

Núcleo de Consciência Negra da USP reuniu cerca de 400 manifestantes na avenida Paulista em prol de cotas

No último dia 24, o Núcleo de Consciência Negra (NCN) da USP organizou um ato na Avenida Paulista, com cerca de 400 pessoas, segundo manifestantes, para defender o projeto-lei de cotas raciais elaborado pelos movimentos negros e sociais para as universidades públicas do Estado de São Paulo. Colaboradores do Núcleo afirmaram que o objetivo foi chamar atenção para a falta de políticas de inclusão racial nas instituições de ensino do Estado e  conseguir adesão popular para as 200 mil assinaturas necessárias para a aprovação do projeto.

Segundo a Bióloga e colaboradora do NCN, Maria José Menezes, “a USP não tem sistema de cotas, não possui nenhuma política de reservas de vagas, como a adotada nas universidades federais e muitas estaduais”. O programa de inclusão social da Universidade (Inclusp), que realiza bonificações sobre as notas do vestibular, “apresentou um desempenho bem aquém do  esperado, além de não apresentar dados conclusivos que demonstrem, ou não, a sua eficiência” relatou Maria, que também enfatizou as dificuldades em obter informações que permitam fazer uma análise independente da eficiência do Inclusp. “Nós, do NCN, temos um projeto de pesquisa, coordenado pelo professor Kabengele Munanga, que faz análises qualitativas e quantitativas do Inclusp. Porém a Pró-reitoria de Graduação e a Fuvest jamais forneceram dados para os pesquisadores e também não fez este estudo”.

Manifestantes se reuniram no vão do MASP e realizaram a passeata até a praça Roosevelt. (foto: Fernanda Drumond)

Maria também atesta a importância do sistema de inclusão no sentido de minimizar os efeitos de mais de três séculos de opressão, mas acrescenta que o sistema não atende só as demandas dos excluídos do ensino público de qualidade e sim enriquece a sociedade, através da troca de experiências. Pesquisas recentes, segundo ela, revelam que o desempenho dos cotistas são superiores aos que não ingressaram por ele. “As notas médias, em alguns cursos tidos como referência, subiram”, afirma.

Após o fechamento da edição impressa do Jornal do Campus, o Pró-Reitor de Graduação, Antonio Carlos Hernandes, respondeu as solicitações por maiores informações sobre as políticas de inclusão da Universidade.

Segundo Hernandes, “[…] a USP, a partir de junho de 2014, começou a discutir o Vestibular. O processo ainda está no início, mas temos agendado um Simpósio Temático da Pró-Reitoria de Graduação, denominado Vestibular e mecanismos alternativos para ingresso na Universidade, a ser realizado em 27 de agosto de 2014, no Auditório da FEA-5, das 9h às 16h30. O Simpósio Temático tem como objetivos discutir as formas de ingresso no ensino superior em universidades públicas e a inserção de alunos provenientes de escola pública. Além disso, como divulgado no Jornal da USP, tivemos o ingresso de 32,3% de alunos oriundos de Escola Pública. Destes alunos de Escola Publica, 30% foram auto declarados PPI (pretos, partos e indígenas)”.

A Fuvest  não se manifestou sobre a disponibilização de dados referentes aos graduandos e sobre a efetividade do Inclusp.