Pesquisa revela opinião estudantil sobre a greve

Censo Universitário
Pesquisa realizada por alunos da Escola Politécnica sobre a crise e a greve na USP, além de outras questões polêmicas (Infográfico: Thiago Quadros)

Uma pesquisa realizada por alunos da Escola Politécnica da USP pode ajudar a esclarecer o entendimento dos estudantes da Universidade sobre a atual greve, que se estende há 90 dias. O projeto Censo Universitário, organizado por Alessandro Andrade e Fernando Salaroli, entrevistou 869 alunos da USP nos dias 5 e 6 de agosto, para investigar suas opiniões em relação à greve e à crise orçamentária pela qual passa a Universidade.

Segundo Salaroli, a pesquisa não tem como intenção a comprovação de um ponto de vista em relação à greve. Isso porque ela faz parte do trabalho de conclusão de curso de Andrade, que busca estudar e comparar diferentes metodologias de pesquisa. “Como não estávamos interessados no resultado da pesquisa, na posição que ela vai ter, fomos capazes de fazer um processo neutro”, afirma Salaroli. Apesar disso, os dados recolhidos pelos entrevistadores permitem estabelecer uma relação entre o conhecimento do entrevistado perante os acontecimentos e seu apoio à paralisação de cada uma das três categorias (funcionários, professores e estudantes).

É possível notar uma maior propensão ao apoio por aqueles que afirmam conhecer as razões da greve. Entre os que dizem ter um conhecimento mais profundo, 60% acreditam que a greve deve continuar. Já entre os que afirmam ter um conhecimento em linhas gerais, esse número é de apenas 28%. O apoio à continuidade da greve é ainda menor por parte dos que dizem ter pouco ou nenhum conhecimento sobre ela: 45% e 37%, respectivamente, afirmam ela já deveria ter acabado.

Com isso, é interessante observar que existe mais homogeneidade de opinião entre os entrevistados que afirmam ter conhecimento profundo sobre os motivos da greve, já que mais de 50% concordam com a sua continuidade. Além disso, curiosamente, o setor que se mostra mais contrário é o que afirma possuir pouco conhecimento, mesmo quando comparado a quem diz ter nenhum conhecimento.

Os entrevistados responderam também questões relativas à crise orçamentária da Universidade, tópicos pautados pela mídia e pela opinião pública, como a cobrança de mensalidade, o repasse de impostos e fiscalização por parte do governo do Estado, terceirização de funcionários e redução no número de vagas de alguns cursos.

As respostas apontam tendências: aqueles com conhecimento em linhas gerais são, em maioria, a favor do aumento do repasse (52%) e contra a redução de vagas (62%). Apenas a cobrança de mensalidade teve a rejeição como resposta majoritária de todos os entrevistados. A pesquisa completa pode ser vista no site: www.censouniversitario.com.

O projeto Censo Universitário já possui mais uma pesquisa publicada, referente a aspirações profissionais, que foi realizada durante o 24º Workshop Integrativo (feira de recrutamento organizada pela Poli Júnior). Andrade e Salaroli ainda afirmam que outras pesquisas serão feitas com os alunos do campus do Butantã ao longo desse semestre. “Outra pesquisa que já sabemos que vamos realizar vai ser uma pesquisa eleitoral para saber as intenções de voto dos alunos da USP”, afirma Andrade.

por ANA CARLA BERMÚDEZ THIAGO NEVES

ERRAMOS: Na matéria impressa para esta edição (429), o infográfico continha um erro na resposta da pergunta “A USP deveria cobrar mensalidade?”, que deveria ser NÃO ao contrário de SIM, de forma que a maioria dos estudantes, como afirma a reportagem, desaprova a medida.