Atividades no IME debatem crise na USP

de agosto, os estudantes do Instituto de Matemática e Estatística (IME) votaram uma paralisação para os dias primeiro e dois de setembro, em que os alunos seriam convidados a substituir as aulas por momentos de debate e esclarecimento em relação à greve e à crise orçamentária da USP. Em ambos os dias, houve grupos de discussão com professores e funcionários, além de rodas de conversa entre os estudantes e assembleias das turmas matutinas e noturnas separadamente.

Uma paralisação marcante, por ter sido a primeira em muitos anos e por ter passado em assembleia, ela se focou no caráter convidativo. A segunda-feira começou com um café da manhã que tentava atrair os alunos aos debates que aconteceriam logo em seguida. Da mesma forma, aconteceu um café da tarde, antes das outras rodas de discussão.

Professores e funcionários foram chamados para participar, como uma forma de parceria, do primeiro dia de atividades, que foi praticamente todo dedicado aos esclarecimentos sobre pautas da greve das categorias. “A diretoria também apoiou, forneceu microfones e elogiou a iniciativa”, conta Thiago Alves Barbosa, diretor do Centro Acadêmico da Matemática (Camat).

Apesar da proposta de paralisação ter sido aprovada em assembleia e ido ao encontro das concessões da diretoria, ela deixou muitos estudantes descontentes, os quais compareceram em peso para votar por não greve em duas outras assembleias realizadas no segundo dia. Até pela ausência de piquetes – que também foram votados na assembleia do dia 27, as aulas ocorreram normalmente durante a paralisação, com exceção das disciplinas cujos docentes estão declaradamente em greve e sem dar nenhuma aula.

A posição do Camat é de que essa foi a forma de paralisação que cabia no momento e na realidade do instituto. Procurou-se aproximar os alunos de pautas mais sensíveis a eles, como o corte de bolsas e a questão da permanência estudantil, que têm ligação direta com a crise financeira da universidade, já que grande parte dos estudantes não dava tanta atenção ao que vem acontecendo e às reivindicações das categorias.

Mesmo assim, o balanço geral que o centro acadêmico faz das atividades que organizaram é positivo. “Os alunos saíram mais esclarecidos e mais motivados a participar”, afirma Thiago. Com isso, a entidade já tem em mente outras iniciativas de debate. Além de já terem convidado o diretor da unidade para falar sobre crise e transparência na universidade, chefes de departamento também serão chamados para participar de próximos encontros.

Na unidade, são cerca de 15 os professores em greve, e apenas três funcionários pararam de realizar suas funções.

por CAROLINA SHIMODA