Odontologia paralisa suas atividades

Alunos, professores e funcionários debatem situação da USP na Faculdade de Odontologia (Foto: Centro Acadêmico XXV de Janeiro)

No último dia 4, quinta-feira, a Faculdade de Odontologia (FO-USP) do campus Butantã paralisou suas atividades e fez uma programação especial para os estudantes. Os alunos haviam votado, em assembleia realizada no dia 28 de agosto, pela paralisação das aulas como forma de protesto às medidas tomadas, diante da recente desvinculação do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru (HRAC) e da intenção por parte da reitoria de também desvincular o Hospital Universitário (HU) da Cidade Universitária.

O roteiro de atividades foi desenvolvido para fomentar a discussão acerca da atual situação da universidade e da crise que ela enfrenta, além de mostrar insatisfação no que se referia à falta de negociação efetiva por parte da reitoria. O dia começou com um café da manhã, junto com a produção de cartazes para serem levados na passeata que aconteceu logo em seguida, tendo início na FO-USP e seguindo em direção ao HU, para terminar em frente à reitoria. Durante o ato, que contou com o apoio dos funcionários da FO-USP e do HU, o Centro Acadêmico da Odontologia passou um abaixo-assinado contra o corte de pontos por parte da diretoria da faculdade.

No decorrer da tarde, foram organizadas rodas de conversa sobre a crise orçamentária da universidade e sobre a desvinculação do HU. Além da presença de alunos do campus de Bauru, as atividades tiveram como convidado o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), João Sette Whitaker, autor do texto “A USP não é problema é solução” que desfaz uma série de mitos sobre a crise orçamentária da universidade.

Segundo a presidente do Centro Acadêmico XXV de Janeiro, Luísa Dotti, essa série de atividades reflete a tentativa de mostrar para os alunos o que está acontecendo na USP, levando em consideração o fato de que os estudantes da FO demandaram um certo tempo para se mobilizar.

Apesar da atuação estudantil que vem se fortalecendo na unidade e que se manifesta solidária à posição dos trabalhadores, os professores não se posicionaram quanto à greve das categorias.

Já em Bauru, o dia da paralisação planejada pelos alunos teve que ser postergado. Com a intenção de realizar atividades no centrinho (HRAC), os estudantes enviaram um ofício à direção da clínica, solicitando a utilização dos espaços da faculdade para as atividades. Com o pedido negado pela Direção, uma nova paralisação com ato foi marcada para a terça-feira (16), data da audiência pública que discutiu um projeto de lei de veta a desvinculação do HRAC.

Segundo Thiago DeRubeis, estudante de Odontologia em Bauru e colaborador do Centro Acadêmico XVII de Maio, agora os alunos estão conseguindo o apoio de professores e a adesão à mobilização está grande. Contudo, apesar da realização de oficinas e atividades durante a semana, os movimentos têm sido mais cautelosos por conta da ação violenta da Polícia Militar no campus.

Outra paralisação já havia acontecido em maio desse ano na FO-USP. O dia, entretanto, só havia contado com atividades de debate, estando presentes representantes do Diretório Central dos Estudantes da USP (DCE) e do corpo docente da Odontologia, além de Magno de Carvalho do Sintusp. O atual reitor, Marco Antonio Zago, também apareceu durante a paralisação, para realizar uma espécie de assembleia com os alunos, respondendo às dúvidas dos estudantes.

por CAROLINA SHIMODA