Estudantes da USP votam diferente de outros eleitores

As eleições 2014 chegam na reta final e os eleitores têm até o próximo domingo para decidir quem serão seus representantes. O Jornal do Campus foi procurar saber como os estudantes da USP escolhem seus candidatos e os porquês. São as eleições presidencias que estão Em Pauta.

André Singer, professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, acredita que as propostas econômicas dos candidatos são as mais relevantes nesta campanha para o eleitor brasileiro. “De modo geral, boa parte dos eleitores ainda vive condições materiais muito difíceis no Brasil. Portanto, a política econômica que o governo decida fazer tem um impacto direto sobre a situação de cada um e mesmo que o eleitor não tenha uma consciência plena sobre essa situação, tem uma espécie de intuição que leva ele a procurar a escolha mais benéfica possível para sua necessidade”, afirmou Singer.

Entretanto, a tomada de decisão dos estudantes da Universidade é baseada em alguns critérios relativamente diferentes do que o restante da população. “Aqui, apesar de haver uma heterogeneidade natural num corpo social grande como a USP, predomina uma configuração de classe média e na classe média as necessidades materiais não são tão grandes. Desse modo, o que acontece quando você pega um público universitário, sobretudo de universidade pública, é que os elementos ideológicos têm mais peso do que os elementos econômicos”, observou o cientista político.

Uma pesquisa com a intenção de voto dos estudantes da USP para presidente, governador e senador de São Paulo deve ser publicada na próxima quinta-feira (2) pelo Censo Universitário e pode comprovar a tendência do eleitorado uspiano. O Jornal do Campus, por sua vez, esteve na fila do Restaurante Universitário Central coletando a opinião dos estudantes sobre os candidatos à presidência na útima segunda-feira (29). Durante o período que a reportagem esteve no local, mais de 100 pessoas foram entrevistadas, porém os candidatos Eymael (PSDC), Mauro Iasi (PCB), Pastor Everaldo (PSC) e Rui Costa Pimenta (PCO) não foram citados. Os demais tiveram intenção de voto e justificativa relatados e reproduzidos a seguir:

Aécio Neves –  PSDB

Eu não concordo com as outras candidatas. Não quero que nem a Dilma nem a Marina vençam, então eu prefiro que o Aécio ganhe. Gostei muito do que ele disse sobre a segurança pública, porque me sinto muito insegura principalmente aqui em São Paulo e ele foi o que mais falou sobre isso.

Luísa Fini, 22 anos, Esporte

Dilma Rousseff –  PT

Eu aprecio muito as ideias da Luciana Genro, mas acho que pelas pesquisas ela ainda não tem uma força necessária pra ganhar, então eu prefiro votar na Dilma. Sempre que você busca beneficiar uma população carente é sempre muito vantajoso, acredito nisso. Eu acho que o presidente deveria assumir essa postura de defender os mais necessitados.

Carla Ferreira da Silva, 28 anos, Letras

Luciana Genro –  PSOL

No começo dá vontade de fazer um voto útil entre as três opções, mas a Dilma já está na frente. Na Marina eu não votaria porque eu acho ela muito contraditória e no Aécio também não. Além disso, eu sinto que a Luciana propõe a mudança mais real. Eu não sou tão alinhado economicamente com ela, mas socialmente eu sou muito alinhado, então acho que ela é uma pessoa capaz de trazer uma mudança de fato para o país e não ficar só no discurso atual.

Emanuel Longa, 21 anos, Engenharia Mecânica

Eduardo Jorge –  PV

Basicamente, eu tenho problemas com as eleições porque eu tenho uma ideologia mais voltada pra direita e a direita é muito mal representada no Brasil. Ao mesmo tempo, eu também sou ambientalista e creio que o Eduardo Jorge é o único que consegue manter um discurso ecologicamente coerente e bem estruturado sem cair muito para o argumento socialista.

— Lucas Formigari, 19 anos. Engenharia Elétrica

Marina Silva –  PSB

Eu acho que o Brasil está há muito tempo nessa dualidade entre PT e PSDB e que a Marina é uma pessoa nova que já provou que tem capacidade. Acho legal que ela vai continuar com os programas sociais que deram certo no governo Lula e Dilma e considero isso importante, pois ela não está desprezando o que eles fizeram. Além do viés que ela trás desde o Partido Verde de desenvolvimento sustentável.

— Rafael Moreira, 20 anos, Esporte

Levy Fidelix –  PRTB

Eu acho que o país está muito dividido entre PT e PSDB nos últimos 20 anos e gostei bastante das posições que ele colocou no debate da Band. Gostei do que ele falou sobre a privatização dos presídios, por exemplo. Eu sei que existem problemas maiores como educação, infraestrutura e taxa de juros, mas acho que resolvendo problemas satélites, a gente também consegue resolver problemas centrais.

— Túlio Favarini, 23 anos, Física

Zé Maria –  PSTU

O PSTU é um dos únicos partidos que não recebem financiamento privado de campanha, o que eu acho que já estanca a corrupção. Além disso, é um partido alinhado com o interesse dos trabalhadores, não dos empresários, e na minha opinião o partido sempre esteve presente nas manifestações do ano passado que demonstraram de fato como deve ser a nova política.

— Arielli Moreira, 24 anos, Letras

Nulo

Eu não sou de direita e também não me considero socialista. Eu também acho que o PT não é uma representação boa. Então, ao eliminar todos esses, acho que votar nulo é uma melhor representação do que votar errado.

— Bruno Andretto, 23 anos, Engenharia Elétrica

por BRENO FRANÇA