USP busca soluções após aumento de crimes

Jornal do Campus cria Mapa Colaborativo de Segurança na USP para criar sistema geográfico das ocorrências no campus (Infográfico: Arthur Aleixo)

“Chegou um primeiro falando ‘Senta, senta, perderam, é assalto!’. A gente sentou, tinham dois armados, os dois maiores. Durou um cinco minutos”, contou Natália Passos, estudante da Fofito (departamento de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional), sobre o assalto sofrido no dia 2, na quadra do Hospital Universitário (HU), levando celulares e roupas.

“Ele falou: ‘Eu quero o celular, só o celular, senão vou te dar um soco na cara’”, disse Nathalye Kolvef, estudante de Letras, assaltada na Praça do Relógio, às 7h, na última quinta-feira, dia 9.

“Há um aumento que vem se mantendo desde 2010, quando começamos a fazer uma análise comparativa, e que vem acompanhando, infelizmente, o aumento dos roubos nas metrópoles brasileiras”, explicou a professora Ana Lúcia Pastore, superintendente de segurança da Universidade, sobre a escalada de relatos sobre crimes no campus. Até setembro, foram 93 ocorrências, comparadas às 72 de 2013, um aumento de 29,2%.

DESAFIOS

Por dia, circulam aproximadamente 100 mil pessoas e 90 mil veículos pelo campus do Butantã. “A segurança tem que ser pensada tanto em termos de uma cidade, num sentido mais amplo, quanto de uma cidade universitária”, afirmou a superintendente, que assumiu a posição em maio desse ano e agora começa a colocar em prática alguns de seus planos. A Superintendência de Segurança está criando um site para a Guarda Universitária, fará cursos de qualificação para os guardas no final do ano, revisará o monitoramento eletrônico no campus e, em outubro, anunciará seminários mensais, abertos ao público.

O principal problema, entretanto, depende da anuência da reitoria: a contratação de novos guardas universitários. “Acho que vai ser inevitável apresentarmos um relatório à reitoria no final do ano em que a necessidade de um novo concurso seja apontada”, indicou Ana Lúcia. O último concurso para a Guarda Universitária ocorreu em 2009. Desde então, aposentadorias, problemas de saúde e o envelhecimento da guarda prejudicaram o serviço. Hoje, a média de idade dos agentes é de 45 anos. Um guarda universitário que não quis se identificar confirmou a situação. “Tem dias que fica sobrecarregado devido ao efetivo, que não é o ideal, mas dentro do que temos, estamos fazendo o nosso melhor”, disse. As contratações de novos funcionários, entretanto, foi congelada pela Reitoria no início do ano.

TRABALHO CONJUNTO

O objetivo é combinar a qualificação dos guardas universitários, responsáveis pelas áreas comuns do campus, com vigias e vigilantes que deem conta dos bolsões de estacionamento e das unidades. “O importante é que a guarda seja aquela que está preparada para, quando for necessário, pedir o suporte da polícia”, afirmou.

Apesar do convênio assinado em 2011, a Polícia Militar tem uma atuação física limitada dentro do campus: uma base comunitária móvel durante o dia e dois policiais que realizam rondas e, quando necessário, prestam apoio à Guarda. “O que aconteceu foi a pior faceta do convênio que foi a repressora, das blitzes, das abordagens até indevidas ou pelo menos desnecessárias. Mas, isso, de fato, se diluiu por completo”, afirmou Ana Lúcia.

Nenhuma das duas vítimas se sente segura no campus. “Não vim andando, pedi carona pro meu namorado, porque não consegui dormir à noite”, disse Nathaly Kolvef. Para Natália Passos, a sensação de insegurança torna a USP foco de novos crimes: “Enquanto a gente se sente inseguro, eles sabem que a gente não está seguro”.

por DIMITRIUS PULVIRENTI