Centro Aberto no Largo São Francisco atrai e recebe aprovação do público

Projeto de ocupação urbana desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo, o Centro conta com diversas atrações de lazer, entretenimento e acessibilidade (Foto: Bruna Larotonda)
Projeto de ocupação urbana desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo, o Centro conta com diversas atrações de lazer, entretenimento e acessibilidade (Foto: Bruna Larotonda)

Os Centros Abertos – intervenções urbanas provisórias, instaladas em 26 de setembro deste ano e com duração prevista para dois meses – têm feito grande sucesso entre os moradores e frequentadores da região central de São Paulo. A iniciativa, promovida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), faz parte de um amplo projeto de requalificação e reurbanização do Centro de São Paulo, conhecido como “Centro Diálogo Aberto”.

PROJETO “CENTRO DIÁLOGO ABERTO”

“O centro da cidade foi escolhido por toda a sua riqueza e potencial. É um patrimônio histórico, cultural, e um ambiente que oferece os mais variados serviços, mas que é subutilizado pela população. Nossa ideia é mudar isso, é trazer as pessoas para ocupar esses espaços”, explica Jihana Nassif, funcionária da SMDU. Dessa forma, o projeto – iniciado em abril de 2013, a partir de três workshops que contaram com a participação de diversas secretarias municipais, escritórios de arquitetura, movimentos sociais e instituições de ensino – visa atender a essas expectativas de reutilização do espaço público de São Paulo. “Os Centros Abertos são apenas a etapa inicial, uma fase de experimentação, e por isso são temporários. Mas também são muito importantes, porque os resultados obtidos com eles vão determinar como será o desenvolvimento das próximas etapas”, conta Jihana.

A proposta dos Centros Abertos como intervenção urbana, portanto, é testar novas soluções para a cidade em escala real, e verificar a aceitação pública dos testes. Tornar São Paulo uma cidade mais ativa, integrada, atraente e “verde”; priorizar as ações coletivas, o transporte público, o ciclista e o pedestre; introduzir atividades diversificadas, que transformem o espaço em lazer e entretenimento, incentivem a permanência e que agradem a todos os públicos são alguns dos objetivos centrais desses “Projetos Piloto”. Segundo site oficial da SMDU, quatro locais estratégicos foram escolhidos para a realização das intervenções urbanas temporárias: o Largo Paissandu e Av. Rio Branco; Largo São Francisco e Praça Ouvidor Pacheco e Silva; Pateo do Colégio e Rua Roberto Simonsen; Rua 25 de Março e Praça Cantareira. No entanto, apenas os dois primeiros já foram implantados e estão funcionando.

LARGO SÃO FRANCISCO

No caso específico do Centro Aberto do Largo São Francisco, o espaço foi adaptado para receber diferentes manifestações, de acordo com as preferências de cada cidadão que frequenta o local, sejam eles universitários, trabalhadores ou moradores da região. Assim, o espaço agora conta com um deck-arquibancada de madeira, em que são dispostas cadeiras de praia para repouso; bancos e mesas espalhados pela praça; mesa de ping-pong; sanitários públicos; acesso wi-fi gratuito; nova faixa de pedestre e ciclovia; paraciclos para bicicletas. Além das transformações físicas fixas, o Centro também recebe diferentes atrações semanais para estimular a permanência do público, tais como projeções de cinema e vídeo ao ar livre, karaokê, comida de rua, feirinha gastronômica, iluminação pública e shows e apresentações artísticas.

Segundo o aluno da Faculdade de Direito da USP, Rafael Docampo, a iniciativa trouxe bons resultados para a região e até o momento está sendo bem aceita pelo público. “Eu sou completamente a favor da permanência do projeto. Lembro de um dia em que organizaram um karaokê na praça, e pessoas dos mais variados tipos estavam ali dividindo o microfone e se divertindo. Eu acho que é desse tipo de espaço de integração que a cidade precisa”. Já para a aluna Mariana Marques Rielli, também da Faculdade de Direito, “um ponto que deve ser levado em consideração é que o centro concentra um grande número de pessoas em situação de rua e que, visto que essa é uma questão com causas e consequências complexas, dificilmente projetos pontuais podem mitigá-la. Por outro lado, não é difícil concluir que, muitas vezes, ”revitalização” pode significar ”higienização”. Conhecendo outros projetos dessa gestão, no entanto, me parece que não seja esse o caso, já que o Centro Aberto faz parte de uma série de reformas que buscam mudar toda a lógica da cidade, e ela inclui também uma grande preocupação com essas pessoas vulneráveis. A permanência ou não do projeto, pra mim, perpassa necessariamente essa questão, pois não acho que ele deva ser apenas mais uma área de lazer para a elite (ou para os estudantes da São Francisco, como eu mesma). No mais, acho sensacional a iniciativa e, até agora, me parece que as ações têm sido positivas. É um bom lugar para descansar e observar o movimento”.

Para coletar opiniões dos frequentadores do espaço e estimar a aceitação do projeto pelo público, há vários painéis no próprio Centro, onde as pessoas podem escrever suas impressões, críticas ou sugestões. Além disso, ao longo do período de implantação dos projetos os funcionários da ONG Cidade Ativa fazem a contagem de fluxo diária e recebem um retorno da população em relação às intervenções. Os resultados desse processo definirão a instalação definitiva ou não das obras no futuro.

Até o dia 20 de novembro, o Largo São Francisco recebe todas as quintas-feiras a primeira Mostra de Cinema de Rua de São Paulo. Documentários e curtas-metragens de cineastas independentes, exibidos em um cinema a céu aberto e com entrada gratuita, compõem a programação da Mostra. Os requisitos para exibição dos trabalhos são curtas-metragens de até 15 minutos de duração, finalizados a partir de 2011. Gênero, tema e classificação são livres.

Aos interessados em participar, as inscrições podem ser feitas na página da Mostraí no Facebook, onde o público também escolhe e vota nos filmes que desejam assistir. Os curtas mais votados entram na programação da semana.

A Mostra é uma realização da Secretaria Municipal de Cultura e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, por meio da SP Cine e da SP Urbanismo.

por BRUNA LAROTONDA