Chapa eleita na pós inova em suas propostas

A chapa “Unindo Forças na USP” venceu as eleições para a diretoria da Associação de Pós-Graduandos “Helenira Preta Rezende” (APG) da USP na Capital, realizada entre quarta e sexta-feira da semana passada. Com 66,83% dos votos válidos registrados, a posse aconteceu em assembleia da última segunda-feira (3).

Foram contabilizados 391 votos para a chapa campeã e 194 para a concorrente “Pós Ativa, Voz Ativa”. Brancos e nulos somaram 9 votos. Cerca de 35 urnas foram instaladas em todo o campus da Cidade Universitária e também na USP-Leste, na Faculdade de Direito e no Quadrilátero da Saúde.

Apesar da baixa participação, a votação tem ganhado maior adesão ao logo dos anos, mesmo que não seja obrigatória. Segundo a Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, o número total de alunos de pós-graduação na capital é de 16.569.

UNINDO FORÇAS NA USP

A chapa campeã é composta por 39 membros registrados, que tiveram uma articulação inicial nas greves dos dois últimos anos na USP.

As principais propostas e exigências são universalização das Bolsas do Programa de Apoio ao Ensino (PAE), participação dos pós-graduandos na gestão do PROAP-USP (Programa de Apoio à Pós-Graduação), maior transparência na gestão dos recursos financeiros da USP e maior participação da comunidade nas decisões orçamentárias. Também pedem a revisão do estatuto da USP, fortalecimento da internacionalização, tendo países latino-americanos como principais parceiros e uma abordagem sobre o assédio moral no ambiente acadêmico.

Phillipe Pessoa, membro da chapa campeã e pós-graduando do Instituto de Química, explica que uma gestão compartilhada entre os diversos setores da USP seria uma alternativa para a maior participação popular nas decisões hoje tomadas no Conselho Universitário. Para ele, as reivindicações da “Campanha por mais Direitos aos Pós-Graduandos”, lançada pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), que pede que 2% da receita federal sejam investidos em ciência e tecnologia, é também uma bandeira da sua chapa.

Phillipe explica que o modelo e as prioridades de convênio com universidades estrangeiras devem ser repensados. Ao invés de dar preferência para países da Europa e Estados Unidos, a USP deve priorizar relações com países do eixo-Sul a fim de se fazer numa universidade que atende às demandas da sociedade que a financia, segundo  a “Unindo Forcas”.

Ainda de acordo com a chapa, a USP tem se tornado uma universidade mínima, de acordo com o conceito neo-liberal de Estado mínimo, que transfere responsabilidades para a iniciativa privada por interesses financeiros. A desvinculação do HRAC (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais), o financiamento de laboratórios e o recente plano de demissão voluntária seriam sinais de uma lógica de mínimo custo e máxima eficiência.

SITUAÇÃO JURÍDICA

Marcelo Arias, membro da Comissão Eleitoral, ainda destacou que uma das medidas de maior urgência para a chapa vencedora é a de regularizar a situação jurídica da APG (registrar no cartório e tirar CNPJ), o que não estava no programa de nenhuma das duas concorrentes. Para ele, essa seria uma proposta que, apesar de ser importante, tem pouco impacto eleitoral.

por JOÃO PAULO FREIRE