Grupos se organizam para eleições dos CAs

Sob uma amoreira, em frente à Biblioteca Florestan Fernandes, oito militantes discutiam a atuação de seus grupos políticos nas eleições para o Centro Acadêmico (CA) do departamento de Letras. Entre cigarros, falavam sobre alianças, a situação do Departamento, da Universidade e do movimento estudantil.

Para Guilherme Kranz, do coletivo Juventude ÀS RUAS, “o CA é decisivo na organização política dos estudantes para defender nossos direitos, tornar o cotidiano do curso mais politizado e construir uma Universidade à serviço dos trabalhadores”. Durante o mês de novembro desse ano, uma série de Centros Acadêmicos realizará as eleições para a formação das gestões para 2015 e os grupos políticos presentes dentro da USP já se organizam.

No último ano, os CAs receberam mais atenção do Diretório Central dos Estudantes. “Esse ano, o DCE conseguiu articular mais os Centros Acadêmicos. No começo da greve, teve uma iniciativa super importante, decidida nos Congresso de Centro Acadêmicos (CCA), que foi uma carta de reivindicações”, disse Raul Santiago Rosa, do Diretório Central dos Estudantes e militante do Juntos!, coletivo ligado ao Movmento Esquerda Socialista, corrente do PSOL. A carta foi aprovada de forma unânime no CCA e entregue ao reitor Marco Antônio Zago.

Um dos grupos políticos mais atuantes na Universidade é o Território Livre, surgido em 2006 e reformulado após a greve de 2011, a partir do Movimento Negação da Negação. Para seus militantes, o Território é conhecido por sua postura de frente no movimento estudantil, baseando sua política na ação. “O objetivo é construir a unidade, especialmente em torno da defesa do movimento diante dos ataques da reitoria, do crescimento do autoritarismo e da repressão”, afirmou Emiliano Augusto, militante do grupo.

Gestão do DCE até 2007, o PT enfrenta na sua imagem de governista um entrave para voltar a atuar como um grupo organizado na Universidade. “Ser petista na USP era taxativo de estar à direita, à direita do movimento, o que dificulta muito”, afirmou Matias Rebello Cardomingo, militante do partido e diretor do Centro Acadêmico Visconde de Cairu da FEA. Cardomingo, entretanto, prevê o retorno do partido ao centro do movimento estudantil nos próximos anos devido aos entraves que o governo federal encontrará no Congresso. “É um período novo para o PT, que terá que ter um respaldo da sociedade organizada muito maior do que necessitou ter. Agora será uma necessidade histórica”, afirmou.

Ligado ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), o Levante Popular da Juventude também recebe críticas por eventuais apoios ao governo federal. O Levante fez uma “campanha contra a direita” no primeiro turno das eleições e apoiou Dilma Rousseff no segundo turno. “Passou dia 26, a Dilma foi eleita, agora é ir pra rua, criticar o que precisa ser criticado e também elogiar o que precisa ser elogiado”, afirmou Luísa Troccoli, militante do grupo, que formou a chapa Compor e Ouvir nas últimas eleições para o DCE.

Em cada CA, as alianças são diferentes. Grupos que se unem em uma unidade, são adversários em outros. Segundo Luísa Troccolli, não há proibição na formação de chapas, postura corroborada pelos outros grupos ouvidos pelo Jornal do Campus. Raul Santiago Rosa concorda: “Claro que, na eleição, são outras questões envolvidas, coisa de programa. Mas, no movimento, a gente não pode ter essa separação”.

por DIMITRIUS PULVIRENTI