Proibição de festas inutiliza Velódromo

Fechado para sua função original há mais de 20 anos, local só abriga poucos treinos esportivos e tem estrutura precária (Foto: Sara Baptista)

O velódromo da USP foi interditado temporariamente para festas – bem como todos os outros espaços da universidade – logo após a morte do estudante Victor Hugo Santos, que foi visto pela última vez em uma festa que ocorreu no local, no dia 19 de setembro. O Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP) divulgou uma nota no dia 25 de setembro anunciando a decisão da reitoria.

No dia 01/10, a reitoria convidou as atléticas, grêmios e centros acadêmicos da universidade para discutir a questão. Por enquanto, não há previsão de reabertura do espaço para festas, mas segundo André Simmonds, presidente do Grêmio Politécnico, outras dessas reuniões vão acontecer periodicamente para que se chegue em um acordo sobre a realização de festas seguras e oficiadas.

Festas com cinco mil pessoas, em média aconteciam no velódromo quase que semanalmente, e o local até consta como espaço de festas em sites de baladas. Com a medida, as organizações estudantis tiveram que transferir seus eventos para locais fora da USP.

Para André Simmonds, é importante a produção de festas para a manutenção das instituições: “além de você ter a integração, você tem também o capital para a realização de projetos”, defende.

Com a interdição do velódromo para a realização de tais eventos, surge novamente a discussão sobre a utilização do local. Ele é o único espaço de toda a cidade de São Paulo construído para a prática ciclismo de pista, mas foi desativado por conta de alterações nas medidas oficiais. Por isso e pela má conservação, ele é visto por muitos como um elefante branco. No entanto, Emílio Antônio Miranda, diretor do Cepeusp, afirma que “não tem nada ocioso”.

 

Histórico e uso

O velódromo foi construído para os Jogos Pan-Americanos de 1975, que acabaram não sendo realizados no Brasil, e está fechado para sua função original desde 1990. Atualmente, a parte inferior do local abriga a administração do Cepeusp, a sede da Laausp (Liga das Atléticas Acadêmidas da USP) e uma academia. Segundo Miranda, essa área passa por manutenção frequente, principalmente nas partes elétrica e hidráulica.

Contudo, a parte interior está bastante danificada. Lá acontecem treinos de handbol e futsal, mas a estrutura das quadras é precária. Stela Faustino, que joga handbol pela ECA (Escola de Comunicações e Artes da USP) e é ex-presidente da Laausp, afirma que as marcações da quadra não são boas e não estão bem definidas, e que o espaço é muito aberto e propício para perda de bolas. Além disso, Stela diz que os fossos onde ficam guardadas as traves não possuem grades em volta, apresentando risco de queda, e que a  iluminação é insuficiente. “Os times utilizam essa quadra como um quebra galho, mesmo, devido à alta demanda de treinos em alguns dias e horários”, completa. Miranda afirma que nessa parte não se faz nada há muito tempo, mas que algumas melhorias estão sendo pensadas e previstas para 2015.

A Laausp fez um relatório sobre as condições das praças esportivas do Cepeusp e o entregou à diretoria em 2013. Frente à necessidade de uso das quadras e à impossibilidade de fazer grandes mudanças estruturais, foi acordado entre a diretoria e a Laausp que seriam feitas algumas alterações, como novas marcações e a instalação de redes. “Não me lembro se as novas marcações foram feitas, mas as grades e as redes não foram colocadas, então as condições da quadra devem continuar praticamente as mesmas”, afirma Stela.

Em julho de 2012, o local já havia sido fechado para realização de festas por questões de segurança, mas reabriu pouco depois. Na época, falava-se em reforma do espaço, que seria transformado em uma arena que abrigasse atividades esportivas e culturais. O projeto, previsto para começar no ano passado, nunca saiu do papel.

por SARA BAPTISTA