Serviço odontológico ainda sofre após greve

Embora o término oficial da greve já date alguns meses, o acontecimento ainda gera repercussões em diversos âmbitos da vida universitária. Com relação ao atendimento odontológico fornecido à comunidade da USP pela Superintendência de Saúde (SAU), a situação se complica: com a interrupção das consultas e a parada total das ferramentas de trabalho durante a duração da greve, alguns equipamentos sofreram com os danos da falta de uso e agora impossibilitam sua utilização em novos atendimentos.

O principal aparelho danificado com a falta de uso durante o período da greve é a Autoclave, que é utilizado para esterilizar os intrumentos odontológicos através do calor úmido sob pressão. Sem ela, é impossível esterilizar as ferramentas de trabalho de forma adequada, o que comprometeria sua utilização nos pacientes. Dessa forma, a clínica optou por interromper as consultas enquanto o problema não fosse resolvido. “O problema decorre de uma peça na porta da Autoclave, que impedia o vedamento total da câmera no segundo ciclo de esterilização dos instrumentos”, explica Paulo César Carvalho, chefe interino da clínica.

Quando o problema foi detectado, contatamos um técnico para avaliar os danos da e o que seria necessário para o conserto. Além da peça da porta, outras duas partes precisavam de manutenção. “Abrimos uma licitação para a compra das três peças e passamos tudo ao Departamento de Compras”, explica Paulo, “nesse sentido, estamos aguardando a aquisição das peças para retomar as atividades, o que infelizmente não depende de nós”.

Com a chegada e a instalação devida das peças na Autoclave (e a confirmação de que as ferramentas podem ser devidamente esterilizadas), a prioridade da clínica serão as consultas perdidas durante o período de greve. “Atualmente, cada profissional atende cerca de 8 pacientes diários, sendo 6 com consulta marcada e 2 na emergência. A ideia é que possamos priorizar os pacientes que perderam suas consultas com a greve, o que estimamos que dure mais ou menos uns 40 dias”, contou o chefe interino. Após o atender esses pacientes, serão realizadas novas triagens com os pacientes que seguirem na fila, o que deve postergar seu atendimento para o ano que vem.

Infelizmente, até que as consultas do período de greve sejam realizadas, os pacientes que desejarem marcar novas consultas precisarão aguardar mais alguns meses em uma fila de espera.

A funcionária Priscila Silva, do Instituto de Psicologia, relata que já tinha uma certa dificuldade em marcar uma consulta para dar continuidade ao seu tratamento de canal antes da greve. “Comecei a fazer um tratamento bem antes da greve, quando estava grávida. Estava com o canal aberto, tampado apenas por um curativo, só que com a dificuldade em marcar a próxima consulta eventualmente tive que tirá-lo e solicitar uma consulta emergencial. Me disseram que não iam mexer no canal porque ela estava grávida, e que eu deveria retornar só depois que o meu nenê nascesse”, explica.

Quando o bebê de Priscila nasceu, a greve já havia se instaurado na Universidade, de forma que ela não conseguiu marcar uma nova consulta. A funcionária então aguardou o período de greve para tentar remarcar seu tratamento, mas ao entrar em contato com a clínica foi alertada do problema com a Autoclave. “Eles falaram que primeiro vão remarcar quem estava marcado na época da greve, mas o meu não estava marcado porque tinha que esperar o bebê nascer pra marcar. Não me deram prazo nenhum pra remarcar minha consulta”, conta.

De maneira geral, o empecilho criado pelo defeito da máquina da Autoclave ainda deve postergar as consultas odontológicas da SAU, embora a equipe da clínica já esteja trabalhando para que as peças possam ser compradas e instaladas o quanto antes. Todos pacientes que necessitarem de algum tipo de auxílio médico emergencial, e não puderem aguardar o atendimento dos que já haviam marcado consultas no período de greve, devem entrar em contato com a clínica para verificar se há possibilidade de realizar o atendimento em um dos horários reservados à emergência.

por MARIA ALICE GREGORY