Uso de adoçante não garante emagrecimento

Pesquisa de nutricionista da FSP mostra que 25% dos usuários substituem o açúcar, mas mantém um estilo de vida sedentário (Infográfico: Arthur Aleixo)

A utilização inadequada de adoçantes e alimentos dietéticos pode não resultar na perda de peso, especialmente sem uma mudança apropriada na dieta e sem a prática da atividade física. Essa é a conclusão dos estudos feitos pela nutricionista e pesquisadora Ana Paula Gines, da Faculdade de Saúde Pública (FSP).

Ela participou de uma pesquisa inicial que visava verificar os resultados da substituição do açúcar pelo adoçante. Nela, foi verificado que a utilização do adoçante à base de sucralose foi a que obteve melhores resultados quanto ao sabor e textura.

A segunda pesquisa visava identificar o consumidor de adoçante e o que o leva a consumi-lo. Os resultados apontam que o principal público são as mulheres, entre 40 e 59 anos, que praticam atividade física de duas a três vezes por semana. Cerca de 25% da população analisada, no entanto, consome o adoçante mas mantém uma vida sedentária.

Segundo Ana, “bastante gente só troca o açúcar pelo adoçante, mas não pratica atividade física”. Em sua maioria, o público que se encaixa nesse quadro está acima do peso e quer emagrecer. A pesquisadora também aponta que eles têm dificuldades em controlar sua massa corporal, especialmente porque não fazem alterações na dieta além da substituição do açúcar. “Há um risco de a pessoa achar que, porque está consumindo adoçante, não precisa mais se preocupar com nada, pois a menor ingestão de caloria provocará o emagrecimento. Na realidade, é preciso se preocupar com a alimentação como um todo”.

O grupo que mais utiliza o adoçante é o de diabéticos. “A doença aumenta em 3 vezes as chances de consumi-lo”, afirma a pesquisadora. “Trata-se de uma estratégia de controle da glicemia”. Porém, identificou-se que muitos diabéticos não praticam atividade física, alterando apenas o consumo de açúcar. Ana comenta que o sedentarismo é prejudicial tanto para os diabéticos quanto para os que querem perder peso, e que a prática da atividade física deve ser sempre acompanhada por um profissional de educação física. “O ideal é aliar a troca pelo adoçante com a atividade física”.

UTILIZAÇÃO

Os benefícios do adoçante resultam do fato de que ele adoça muito mais que o açúcar. A sucralose, por exemplo, adoça 600 vezes mais. Assim, uma menor quantidade do produto é necessária, consumindo-se menos calorias. Em uma xícara de café, por exemplo, na qual se usaria cerca de duas colheres pequenas de açúcar, utiliza-se por volta de três ou quatro gotas de adoçante.

A pesquisadora comenta, porém, que o que leva as pessoas a consumi-lo é “querer economizar calorias” para depois poder consumir outros alimentos calóricos. “Não adianta a pessoa ir na lanchonete e pedir hambúrguer, batata e sobremesa com um refrigerante diet. A troca pelo adoçante foi feita, mas não houve uma mudança na dieta como um todo. Dessa forma, não há perda de peso”. Ana complementa que “é preciso não só a troca, mas outras medidas como a redução no consumo de gorduras e a atividade física”.

Outro aspecto importante detectado na pesquisa é que  muitas pessoas não contam as gotas na hora de utilizar o produto, e sim “esguicham”. Assim, perde-se a noção do quanto se consome. Ana recomenda que aqueles que se encontram nesse quadro tentem diminuir o consumo, pois o ideal seria não precisar do produto. “O correto é consumir suco e café sem adoçar, por exemplo, mas nós brasileiros gostamos do sabor do doce”. Ela complementa que “o ideal é contar as gotas”

São feitos com a ausência total de uma determinada substância. No caso do diet sem açúcar, o produto ausente é especificamente o açúcar. Existem, porém, produtos diets em glúten e em proteína, por exemplo.

Outro aspecto importante é que nem todo produto diet tem redução de calorias. Isso porque o açúcar no alimento tem outras funções que não só o gosto, como a textura, por exemplo. Nos alimentos em que ele é substituído pelo adoçante, é preciso usar outros ingredientes para conferirem as características que o açúcar proporcionaria. No caso do chocolate, coloca-se mais gordura. Por isso, os chocolates diet acabam sendo mais calóricos do que os com açúcar. A pesquisadora, por essa razão, alerta sobre a importância de sempre olhar a tabela nutricional e os ingredientes dos produtos.

por THAIS FREITAS DO VALE