Experimentação artística fora da sala

Obras interagem com aspectos ja existentes do prédio, como a iluminação (Foto: Júlia Pellizon)

Durante a última semana de novembro e a primeira semana de dezembro, foram realizados duas mostras de arte, organizadas, independentemente das unidades de ensino, por estudantes da USP. Com formas criativas de ocupar e alterar os espaços expositivos, a ExpoFAU e a Semana de Arte no Meio, acabaram questionando o papel do estudante dentro da universidade e suas potencialidades de criação dentro desse universo.

Com ínicio nos anos 70, o ExpoFAU “propõe-se a discutir e provocar produções artísticas independentes, concentrando-se na crítica da arte contemporânea e no questionamento de suas formas”, explica o chamado aos interessados em participar. Neste ano, com a reforma do Edifício Vilanova Artigas, a exposição teve seu espaço reduzido apenas ao Piso do Museu, diferentemente de anos anteriores, nos quais as obras, oficinas e apresentações se espalhavam por pontos distintos da faculdade.

Aproveitando o mote da reforma, que era prevista para terminar em novembro, o tema escolhido para nortear a criação dos expositores foi “Destruição e Construção”. A partir daí foram realizadas algumas expedições preliminares, dando a possibilidade de intervir e criar em locais como o anexo abandonado do Paço das Artes, a Vila Operária Maria Zélia e também uma Oficina de Maquetes. Por fim foi feito um chamado a qualquer estudante que se interessasse em explorar artisticamente a temática, unindo-a às potencialidades da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP em seus processos de transformação, entre os dias 24 e 28 de novembro.

A III Semana de Arte no Meio também tem uma proposta semelhante, de trazer produções instigadoras de reflexão, sem a participação das instâncias universitárias no processo. Organizada pelos estudantes de Ciências Sociais, por meio do Núcleo de Cultura do Prédio do Meio, a semana buscou dar visibilidade a propostas artísticas marginais, visível na divulgação do nome dessa edição do evento “Todo mundo é marginal, exceto quem não é”.

O Projeto da exposição visa também a defesa do Espaço Verde, espaço estudantil da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP que tem sua existência constantemente ameaçada, por estar localizado dentro do prédio das Ciências Sociais. Os organizadores chamaram eventos como a limpeza do local, oficinas, exibição de filmes, tudo visando a ocupação experimental do Espaço Verde e do Morrinho da história e geografia.

INTERVENÇÕES RELÂMPAGO

Outra modalidade de intervenção que tem se tornado comum para instigar a produção artística dos estudantes são as exibições e intervenções relâmpago em espaços cotidianos. O prédio da Letras têm sido alvo de algumas dessas propostas de intervenção que evocam também a aura marginal da criação artística estudantil.

No dia 25 de novembro foi proposta a exibição de dois filmes, que retomam o cinema marginal da década de 70, nas paredes do prédio sem que houvesse muita preparação e divulgação prévia. O happening exibiu as obras “Bang bang”, de Andrea Tonacci, e “Documentário”, de Rogério Sganzerla.

Para essa quinta-feira, 4 de dezembro, está prevista mais uma exibição de filmes na Letras, durante o dia inteiro e sem locais e horários pré-definidos, no chamado Mini Festival de Demolição. A curadoria dos filmes traz obras de Werner Herzog, Ishirô Honda, entre outros, sempre com a temática de destruição, ruínas e caos.

por PEDRO PASSOS