Exército feminino curdo

(Desenho: Laís Tiranossauro)
(Desenho: Laís Tiranossauro)

No final de janeiro desse ano, o Curdistão sírio (território de Rojava) ganhou notoriedade por meio da sua resistência na cidade de Kobani, que faz fronteira com a Turquia. Sob ataque dos extremistas do Estado Islâmico, guerrilheiros do YPG (Unidades de Defesa Popular) conseguiram derrotar os fundamentalistas naquela que ficou denominada como “Revolução Curda em Rojava”.
Os combatentes do YPG são ligados ao PYD (Partido da União Democrática), conhecido por enfrentar o forte regime turco de Erdogan em suas lutas separatistas. O que ganhou maior destaque, entretanto, foi a atuação vitoriosa da brigada totalmente feminina do YPJ (Unidade de Defesa das Mulheres), que literalmente expulsou os extremistas do EI, assim como alguns aspectos da organização curda. O antropólogo norte-americano e ativista político David Graeber passou 10 dias em um dos acampamentos de Rojava, Cirize, e em entrevista ao Opera Mundi relatou como existem inclusive aulas de feminismo na região.
A luta do PYD, segundo Graeber, caracteriza-se por ser anti-capitalista e anti-patriarcado. Dessa forma, a organização social proposta pelos curdos levanta bandeiras feministas de igualdade para os gêneros, forma conselhos e possui como objetivo uma ordem multiétnica tolerante.
Em tempos de luta feminista no mundo para garantir suas igualdades, a guerrilha demonstrada pelas mulheres curdas do YPJ ao expulsar integrantes do Estado Islâmico é, no mínimo, notável.

por LUÍS VIVIANI