Olhares Cruzados: identidade e diversidade dos Museus da USP

Exposição apresenta de forma inovadora o acervo de quatro museus da universidade
(Foto: Nina Turin)
(Foto: Nina Turin)

Ao entrar na mostra Olhares Cruzados, logo é possível perceber sua intenção. O visitante se depara com quatro obras que representam os museus participantes: o Museu Paulista (MP), o Museu de Zoologia (MZ), o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) e o Museu de Arte Contemporânea (MAC).
As peças escolhidas para essa parte da mostra foram uma réplica de A Máscara Cara Grande, do acervo do MAE, a escultura Índio Pescador, do MP, a arara-vermelha grande, trabalho de taxidermia presente no MZ e O Implacável, do acervo do MAC. Elas dialogam entre si, abordando o tema do Brasil indígena de forma interdisciplinar.
A exposição foi pensada em função da comemoração dos 80 anos da Universidade de São Paulo e mostra a identidade de cada museu ao mesmo tempo que relaciona seus acervos. Maria Isabel Landim, curadora da parte do MZ, explica: “Como os quatro museus da USP lidam com áreas diferentes do conhecimento, a gente queria que, por meio do acervo selecionado, o público pudesse cruzar esses olhares para algumas questões que consideramos importantes no mundo contemporâneo”.

 

Marisa Afonso, curadora do MAE, complementa: “Nós pensamos: ‘além do nome, o que nos une?’ e a partir daí tentamos focar nessa diversidade, que é um tema super importante para tentar mostrar como as culturas se modificam, ainda mais numa época em que vemos o aumento da intolerância na nossa sociedade. Então nós tentamos mostrar como que as culturas se representam em diferentes momentos, mostrar essa diversidade que sempre existiu”.
Para isso, foram procurados temas em comum entre os museus que provocassem essa reflexão sobre diversidade. Portanto, a questão da interdisciplinariedade dos acervos foi amplamente explorada. É possível ver, por exemplo, temas como infância, onde foram colocadas a coleção de bonecas africanas do MAE junto com bonecas e objetos de infância do MP.
Outro assunto abordado foi a biodiversidade e o modo como ela se relaciona com a cultura. Maria Isabel Landim explica: “A gente ressalta que, para ter diversidade cultural, precisamos de diversidade de paisagens. Assim permitimos que seres humanos interajam com o ambiente de formas diferenciadas e, dessa forma, produzam diferentes culturas”.

O princípio da civilização também é lembrado. A arte grega, com suas ânforas, os faraós egípcios, foram colocados próximos a uma sequência de fotos contemporâneas zoomórficas: a ligação sempre está presente e é didática para os visitantes.
A principal novidade da exposição é justamente essa: obras tão distantes, objetos tão diferents, têm uma perspectiva próxima: é possível verificar suas ligações. Para mostrar o início da civilização, é necessário mostrar fósseis, arte pré-histórica, os animais que coabitavam com ancestrais humanos. Também é preciso retirar a visão eurocêntrica de início da civilização: África, Egito, Grécia e Brasil tem suas origens mostradas em âmbito de igualdade.

A mostra começou a ser pensada no segundo semestre de 2014, época em que apenas o MAC estava com exposições abertas para o público. Por isso, a Olhares Cruzados possibilita que as pessoas tenham acesso à obras que estavam guardadas há muito tempo. “A exposição Olhares cruzados é bem importante porque os acervos dos quatro museus, inclusive os que não tem exposições de longa duração abertas ao público, podem mostrar as coleções à população. E nós, profissionais de museus, estamos sempre trabalhando para que haja exposições e ações educativas para divulgar o conhecimento científico para diversos tipos de públicos”, conta Marisa Afonso.
A questão educacional também foi contemplada pela exposição. Alunos da USP foram treinados pelos educadores dos museus para serem monitores da mostra. Além disso, será disponibilizado um curso para professores verem como querem trabalhar com seus alunos as questões abordadas pelos diferentes museus.

Olhares Cruzados nos Museus da USP- Identidades Diversas
De 22/01 a 14/06

Terça-feiras das 10h às 21h
De quarta à domingo das 10h às 18h
Entrada franca
Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301- Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

Para mais informações, clique aqui.

por NINA TURIN