Cobertura das demissões na USP é golaço do JC

Excelente surpresa receber o JC e encontrar um design que aproveita os espaços em branco! O projeto gráfico é uma aposta ousada e deu um ar moderno ao jornal. já estive na redação do JC e conheço a tentação de cobrir todas as páginas com informação.
A edição passada do jornal dedicou três páginas ao principal assunto do ano: os desdobramentos da crise financeira da USP. A grande imprensa cobriu o momento da crise aguda da universidade em 2014, mas abandonou o assunto. O JC marca um golaço ao reportar os efeitos da principal medida anti-crise da reitoria: o plano de demissão voluntária.
Mas a equipe patina ao subestimar a importância dos dados nas reportagens. A cobertura não traz os números do programa de demissão voluntária ou dados sobre a demanda por vagas nas creches. É fundamental dar os números para o leitor avaliar o impacto dos desligamentos.
Apesar da relevância das demissões, a decisão da equipe foi dar capa para a intolerância e violência contra transexuais dentro da USP. É assunto da maior importância, mas as pichações na porta de um banheiro e uma agressão em 2011 não justificam capa (talvez não justificassem sequer reportagem, ao menos não com esse gancho).
Finalmente, não há sentido em citar assessoria de imprensa como fonte. Ora, o assessor, como o nome aponta, é um auxiliar e deve (ou deveria) trabalhar para colocar o repórter em contato com informações ou com fontes. O leitor espera encontrar no JC a voz do reitor, e não da assessora de imprensa.
Guilherme Alpendre – secretário-executivo da ABRAJI