SINTUSP chama paralisação para pressionar CO

Precarização do trabalho e desvinculação dos hospitais estão entre as pautas do sindicato

Em assembleia realizada no dia 25 de março, os trabalhadores da USP votaram por fazer uma paralisação no dia 14 de abril (terça-feira), no mesmo dia em que acontecerá a reunião do Conselho Universitário (CO). O fórum irá definir as formas de deliberações para mudanças no Estatuto da Universidade, se acontecerão pelo próprio CO, se por uma estatuinte ou uma assembleia universitária, composta com números equivalentes de pessoas das diferentes categorias.
Segundo Magno Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), a intenção é pressionar a reitoria pois os trabalhadores são “contra o sucateamento que a USP vem sofrendo, através dos cortes de verbas, arrochos salariais, precarização do trabalho e desvinculações de hospitais que atingem não só a comunidade universitária, como a população da São Remo”.
Na assembleia do dia 25 também foi deliberada a desvinculação do Sintusp da Comissão Assessora Especial (CAECO), comitê formado por indicação do CO, encarregado de estruturar o processo de discussão e encaminhamento das deliberações sobre a estrutura de poder e governança na USP, bem como um conjunto de sugestões para a ampliação da discussão desse tema.
A justificativa é de que a CAECO, composta por 10 membros do Conselho Universitário, sendo seis docentes, dois servidores técnicos e administrativos e dois estudantes, além dos respectivos suplentes, “foi formada para dar uma aparência democrática ao processo de auto reforma do regime universitário, como chamamos essa reforma que está sendo promovida pelo próprio CO, que só trará ataques à USP”, segundo nota emitida pelo Sintusp.
Procurado pelo jornal, o presidente da CAECO, Prof. Carlos Ferreira Martins, afirma ter recebido uma carta do Sintusp comunicando a decisão da assembleia de servidores de que os representantes dos funcionários não deveriam seguir participando das atividades da Comissão. “A CAECO lamenta profundamente essa decisão”, finaliza.

Conjuntura política

Em 2014, funcionários técnico administrativos, docentes e estudantes realizaram uma greve de quatro meses, a maior da história da Universidade. Entre as pautas, estavam o reajuste salarial, a abertura do livro de contas, a não desvinculação do Hospital Universitário (HU), e do Hospital de Reablitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), a suspensão do corte de 35% da verba da Universidade para o ensino e pesquisa, e a não aprovação do Plano de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) – que visa a demissão de 2800 funcionários, visto pela reitoria como forma de desafogar a crise orçamentária que a USP passa.
A greve, terminada em setembro de 2014, trouxe um reajuste de 5,2% abaixo da inflação – indicando arrocho salarial, já que a taxa em 2014 fechou em 6,41%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além disso, no mesmo ano foram aprovados pelo CO a desvinculação do HRAC e a aprovação do PIDV. Porém, a mobilização conseguiu provocar o adiamento da discussão por parte do CO na questão da desvinculação do HU, que pelo menos até abril deste ano, não será discutido pelo conselho.

Pautas da paralisação

A paralisação é vista pelos funcionários como um passo importante para a mobilização da categoria em 2015. Os funcionários, além de parar as atividades na Universidade, realizarão um ato cujo trajeto será definido em assembleia realizada no mesmo dia, às 10h e em frente à Reitoria. Como pautas, estão os cortes de vagas nas creches da USP, o fechamento do restaurante da prefeitura, o aumento da carga de trabalho dos funcionários, a desvinculação do HU e a contratação de mais funcionários. Também está inclusa a questão do reajuste salarial, que será discutido na data-base de 1 de maio, dia limite em que reitoria, docentes e servidores técnico-administrativos podem se reunir para discutir e regulamentar o salário dos trabalhadores da categoria para os próximos 12 meses. A reitoria disse que não se manifestará a respeito da paralisação.

por VINÍCIUS CREVILARI