Tempero mata larvas do Aedes Aegypti

A curcumina age no intestino da larva dos mosquitos através de reações fotoquímicas
Açafrão-da-terra, do qual a curcumina é extraída. (Foto: Marina Yukawa)

Vários estudos tem sido desenvolvidos com o propósito de combater a dengue, entre eles o da pesquisadora Larissa Marila de Souza, mestranda da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), sob orientação dos pesquisadores Natália Mayumi Inada e Vanderlei Salvador Bagnato, ambos do Instituto de Física de São Paulo (IFSC-USP). Ela encontrou um jeito simples de eliminar a larva do mosquito: usando o açafrão-da-terra (Curcuma Longa). No pó amarelo-alaranjado extraído da raiz desse tempero culinário está uma substância chamada curcumina, que quando ingerida pela larva do mosquito é capaz de destruí-la em até 24 horas.
A pesquisa tem como objetivo utilizar reações fotoquímicas no controle de larvas de transmissores como, por exemplo, o Aedes Aegypti. O processo envolve luz e fotossensibilizadores, que são substâncias capazes de sensibilizar um material para raios aos quais normalmente não é sensível. Nesse caso, a molécula fotossensibilizadora, que é a curcumina, atua como um fotolarvicida, substância que mata as larvas.
Ao ser ingerida pela larva, a curcumina se aloja em seu intestino. Na presença da luz, a curcumina é ativada e ocorrem reações fotoquímicas. Como as principais células afetadas são as do intestino da larva, isso provoca um dano irreversível, levando-as à morte. “Obtivemos 100% de mortalidade em exposição à luz solar e a lâmpada fluorescente, levando um tempo de 24 horas nesta última condição”, explica a pesquisadora. Estudos realizados por ela mostraram que a curcumina é rapidamente eliminada do ambiente à medida que é exposta a luz, não deixando resíduos como alguns larvicidas.
O próximo passo da pesquisa é concluir se o efeito é realmente o esperado não só em condições laboratoriais, mas também em criadouros reais da larva. Antes da implementação dessa técnica, serão necessários outros testes de segurança em organismos não-alvos da substância, além de testes para definir uma quantidade adequada para o uso da curcumina. Larissa acredita que, para disponibilizá-la de uma forma totalmente segura, será preciso mais um ano de pesquisas. No entanto, ela lembra que “em casos extremos de epidemia, como o que estamos vivenciando, o uso de métodos alternativos como o que estamos estudando passa a ser uma opção muito importante.”

por BRUNA EDUARDA BRITO