JC faz as pazes com o jornalismo

A edição 438 do Jornal do Campus é a melhor já produzida em 2015. A equipe trabalhou mais, apurou melhor e levou em conta o interesse (do seu) público nas pautas.

A dupla que assina o texto sobre a blitz do Conselho Regional de Educação Física no Cepe não poupou esforços. Narrou a atuação dos fiscais, explicou as exigências do Conselho, deu voz ao Cepe, às Atléticas, à Escola de Educação Física, fez ponderações sobre o financiamento do esporte na USP, comparou com os Estados Unidos, analisou o futuro – enfim, fez bom jornalismo. A pauta interessa à comunidade USP e o leitor recebe munição para se posicionar no debate. É o que bom jornalismo deve fazer.

Esse esforço de reportagem não se repetiu na cobertura das reuniões do CO. É preciso se aproximar do outro lado da questão – a Reitoria. Pôr no título a fala de um militante não identificado revela desequilíbrio na apuração. E faltou, de novo, explicar ao leitor quem são e a que vieram os integrantes do Ocupação Preta. Passa a impressão de que o JC esconde algo.

Texto e fotos constroem perfeitamente a pauta sobre a desértica Brasiliana. A repórter nos conduz num passeio pela ociosidade do prédio, usa o arquivo do JC como fonte e entrevista diversos atores. Faltou dizer quanto custou a obra e quanto a USP gasta por ano para manter a unidade funcionando. Com isso, talvez o complexo não causasse “intriga”, como diz a manchete, mas revolta.

Com jornalismo, o JC ficou melhor. Esse é o caminho.

Por Guilherme Alpendre, secretário-executivo da ABRAJI e ombudsman do JC