Negociação salarial termina sem acordo e trabalhadores receberão reajuste definido pelo CRUESP

As negociações entre o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (CRUESP) e o Fórum das Seis acerca do reajuste salarial dos professores e funcionários das três universidades para o ano de 2015 foram encerradas sem acordo. Na última reunião de negociação, em 25 de maio, os reitores foram intransigentes em relação às três propostas apresentadas pelo Fórum, e mantiveram a proposta de 7,21% em duas parcelas (4% em maio e 3,09% em outubro, em reajuste composto). O Fórum das Seis, entidade representante dos sindicatos de funcionários e docentes da USP, UNESP e UNICAMP, propôs, em um primeiro momento, um reajuste de 8,36% (índice de inflação para o período maio2014/maio-2015 calculado pelo DIEESE), conforme deliberado em assembleias de algumas das categorias, inclusive os trabalhadores da USP.

O CRUESP, que tem Marco Antônio Zago como presidente, negou, mantendo a proposta original. O ajuste proposto pelo CRUESP, de 7,21%, se baseia no índice de inflação calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). Após a primeira negativa, o Fórum se reuniu e apresentou uma segunda proposta, de aceitar os 7,21%, porém concedidos integralmente em maio, proposta também negada. Ainda em uma terceira tentativa, o Fórum propôs o índice FIPE, dividido em duas parcelas, sendo uma de 5,36% em maio e 1,76% em junho (também de forma composta). Esta terceira tentativa de acordo também foi negada pelo CRUESP, que se recusou a negociar uma proposta diferente da apresentada pelo Conselho.

Sem acordo, as universidades aprovaram unilateralmente o reajuste proposto pelos reitores, que já passa a ser aplicado nos salários de maio (pagos em junho). Os reitores ainda propuseram uma nova reunião, apenas em setembro, para discutir um possível pagamento de abono retroativo referente ao intervalo entre a primeira e a segunda parcela do reajuste (uma vez que a inflação seguirá avançando e os salários dos trabalhadores será desvalorizado). Tal pagamento dependeria, no entanto, do “comportamento da arrecadação do ICMS e da situação orçamentário-financeira das universidades”, conforme comunicado do CRUESP. O diretor do SINTUSP Magno de Carvalho, no entanto, aponta a virtual impossibilidade do abono ser concedido, dada a crise da economia e a previsível piora da arrecadação do imposto e da situação financeira das universidades. De acordo com Magno, sem força para erguer uma mobilização efetiva contra a decisão, o Fórum das Seis agora discute uma possível paralisação geral e unificada das categorias, com realização de manifestações, pelo aumento do repasse do ICMS para as universidades, que deve ser discutido na Assembleia Legislativa até o final de junho.