Notícias, notícias, manchetes à parte

Jornal com notícia é sempre bom. A edição 440 do JC tem reportagens bem apuradas, bem escritas, relevantes para o público leitor e de temáticas diversificadas. Mesmo na editoria “Em Pauta”, que sempre me inspirou desconfiança, a equipe mandou bem. Explico minhas restrições: até a edição 440, os temas que ocuparam as primeiras páginas do JC estavam também em todas as outras mídias. É difícil concorrer com a grande imprensa mundial na cobertura dos 100 anos do genocídio armênio ou da reaproximação de Cuba e Estados Unidos. Fico feliz por fazer a crítica à “Em Pauta” a partir da boa exceção: a reportagem sobre a disputa pelas terras no Jaraguá é excelente. Foi bem apurada, bem escrita, bem fotografada e comprometida com o interesse público. E mais: é inédita. O JC deve se preocupar com temas externos à universidade, mas sua vocação é dar visibilidade a personagens e histórias ignorados pela grande imprensa. Finalmente, a capa: por que os idosos na manchete, se havia reportagens melhores e mais relevantes sobre temas diretamente relacionados à vida da comunidade USP? Foi um erro deixar em segundo plano as novas carteirinhas, os corredores de ônibus, o problema da falta de espaço para as baterias e a questão do financiamento do esporte universitário. É pena: certamente o JC teria mais impacto se a manchete fosse: “Quem ganha com o novo Bilhete Único?”, ou “Financiamento privado pode salvar esporte universitário” e até, quem sabe, “Falta de espaço para ensaio põe baterias da USP em risco”.

Guilherme Alpendre – secretário-executivo da ABRAJI