O bandejão para os vegetarianos da universidade

Vegetarianos conseguem suprir necessidades nutricioais com alimentos oferecidos no restaurante

Ser vegetariano é um desafio diário: desde os exames de sangue constantes, até a busca por alimentos que complementem a dieta corretamente, tendo que lidar ainda com restaurantes e seus cardápios restritos e carentes de refeições sem carne. Com os restaurantes universitários, o desafio permanece o mesmo. Apesar de oferecer refeições nutritivas e completas, e a opção vegetariana de PVT (proteína vegetal texturizada), surge uma dúvida: será que a PVT pode ser a única fonte de proteína em uma dieta vegetariana? Há problemas, para um aluno que usufrui do restaurante universitário, alimentar-se de PVT diariamente? Segundo Renata Gosciola Vizeu, nutricionista formada pela USP e frequentadora do bandejão em sua época de aluna, para não se ter nenhuma deficiência nutricional almoçando e jantando no bandejão, é importante que se coma de tudo: desde o arroz e feijão, até as verduras, saladas e frutas – salientando a importância ainda maior dessa variedade para quem não come carne. “As principais fontes vegetais de proteína estão no grupo das leguminosas, ao qual a soja pertence junto aos feijões, lentilha, ervilha, grão-de-bico. E também no grupo das oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas e sementes).  Além dessas fontes, as proteínas são formadas por aminoácidos e estes podem ser encontrados na maior parte dos alimentos, mas em diferentes quantidades e variedades. Por isso é tão importante que a alimentação do vegetariano seja variada e completa.” A pesquisadora Patrícia Campos Ferraz completa dizendo que seria importante que o bandejão utilizasse outras fontes de proteína vegetal para variar o cardápio, como o tofu (queijo de soja) e a seitan (proteína feita de farinha de trigo integral ou glúten).

(Foto: Andre Meirelles)
(Foto: Andre Meirelles)
Soja: benefícios e malefícios

Os benefícios da soja já foram atestados e comprovados. Cultivado milenarmente pelos orientais, o grão possue alto valor proteico, é rico em ferro, cálcio, zinco, potássio, vitamina E, fibras, e ainda pode ajudar na prevenção de doenças cardiovasculares, colesterol alto, osteoporose, diabetes e até mesmo o câncer. “A soja é rica em proteína vegetal de alto valor biológico, ou seja, uma proteína cuja proporção de aminoácidos essenciais é boa e comparável à proteína animal. Sendo assim, ela pode, como qualquer proteína desse tipo, ser usada como matéria prima para construção de várias estruturas como pele, osso, cabelo e unhas”, afirma Patrícia. No entanto, quando consumida em excesso pode trazer efeitos colaterais desvantajosos, ligados principalmente à questão hormonal – um dos motivos de não haver necessidade de consumi-la todos os dias. “Como aluna que frequentou o bandejão por alguns anos, eu acho importante a opção de PVT disponível diariamente para que cada um faça a sua escolha, mas não é necessário comê-la todos os dias, já que existem as outras fontes de aminoácidos disponíveis diariamente”, explica Renata.

Alimentos transgênicos

Boa parte da soja que é produzida hoje é transgênica, ou seja, modificada em laboratório. Como se trata de um processo novo, não se sabe os malefícios que esse tipo de alimento pode trazer, e por isso ainda é incerto se a leguminosa que está no mercado hoje pode trazer danos no futuro. Patrícia explica que a soja transgênica tem como propriedade ser mais resistente a um determinado herbicida em detrimento da não transgênica, podendo receber altas doses do produto antes do plantio, quando já desenvolvidas. “Ocorre que a empresa detentora da tecnologia da soja transgênica foi recentemente acusada por pesquisadores europeus de não conter exatamente a mesma sequência de genes que ela mesma divulgou. Outro ponto é que não se sabe, a longo prazo, quais as consequências ambientais e para a saúde humana decorrentes desse consumo”, completa.

Por: Stella Bonici