TV USP não fechou e aguarda reestruturação

Apesar de não encerrar as atividades, produção audiovisual está temporariamente suspensa

Em meio a tempos de crise em toda a universidade, surgiram boatos de que a TV USP estaria com os dias contados. Desde 2012, o Jornal do Campus não noticia nada sobre a TV. Há cerca de três anos, a televisão e toda sua equipe mudavam-se do prédio da antiga reitoria para o clube dos funcionários da USP, no nº 1578 da famosa Rua do Matão.

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Foto: Mirella Kamimura

Em 2015, a TV USP, criada e implantada pela professora Marília Franco da Escola de Comunicações e Artes, completa 18 anos. Marília Franco é uma das pioneiras do curso de Cinema na Universidade de São Paulo, dando aulas na instituição desde 1972. Além de participar da criação da TV USP, ela se manteve no comando da instituição durante cinco anos. Segundo ela, a ideia principal com a criação da TV sempre foi aproximar a USP do público em geral, produzindo um conteúdo que falasse da universidade, mas também abrangesse temas de interesse comum.

“O fundamento do nosso projeto era oferecer à sociedade uma visibilidade sobre onde o dinheiro dela estava sendo investido e para que estava sendo investido.”

Para ela, a mudança física afetou tanto a logística de trabalho quanto a produção audiovisual do projeto e suas diretrizes. Na antiga reitoria, a TV USP contava com estúdio, oito salas, equipamento de produção, equipamento técnico e era um espaço de experimentação para alunos de diferentes cursos das comunicações como Rádio e TV, Jornalismo e até mesmo Biblioteconomia. Agora a equipe vem dividindo o espaço do antigo clube dos funcionários com a Rádio USP. Este carece de uma infraestrutura ideal para a instalação de uma TV e uma rádio, mas foi adaptado dentro de suas limitações. No momento, a TV USP conta com um número reduzido de profissionais – houve uma redistribuição dos funcionários dentro das instituições de rádio e tv, além de realocação de alguns funcionários para um núcleo de produção científica – e a produção audiovisual está temporariamente suspensa, motivo que pode ter levado a comunidade uspiana a acreditar nos rumores sobre o fechamento definitivo da TV USP. Segundo Pedro Ortiz, diretor da TV USP, não existe previsão de encerramento das atividades. A equipe está apenas aguardando definições da Superintendência de Comunicação Social (SCS) e da reitoria da USP sobre uma possível reestruturação da TV USP. “Até o final do mês vamos apresentar algumas propostas nesse sentido. Mas tudo ainda está sendo discutido no âmbito da SCS e da reitoria. Acredito que para o início do segundo semestre teremos essas definições.” Em contato com a SCS, Marcello Rollemberg, chefe técnico de mídias impressas, afastou definitivamente os boatos sobre a crise e as novas informações vão de encontro ao que o diretor da TV USP já havia comentado. “Não houve corte, não vai fechar (a TV USP). Estamos em um momento que é preciso se reestruturar, e isso já está sendo discutido, mas depende de vários fatores.”

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Novas Plataformas Digitais

As produções audiovisuais dos últimos anos da TV USP continuam sendo veiculadas na atual grade do Canal Universitário, composto pela programação de televisões universitárias de seis instituições paulistanas (TV USP, TV Mackenzie, TV PUC, TV Unip, TV Unisa e TV São Judas). Porém, são vários os fatores que contam para que o modelo do Canal Universitário, criado em 1997, seja inviável. O primeiro deles é a restrição do Canal Universitário, que só é acessível a quem possui canais a cabo e dentro do município de São Paulo. Mais importante que isso, a televisão nos moldes tradicionais vem se tornando cada vez menos cotidiana. Com as facilidades da tecnologia e da internet, é bastante comum encontrar pessoas que passaram a assistir televisão através de seus computadores ou aparelhos portáteis. Por isso, a necessidade de adaptar a produção audiovisual da TV USP para as mídias digitais, o que já vem sendo feito, se torna cada vez mais indispensável.

Segundo Ortiz, existe uma discussão sobre uma maior aproximação entre a TV USP, a Rádio USP, as plataformas digitais da universidade e o IPTV. O IPTV é um projeto que tem como principal objetivo a distribuição de conteúdo audiovisual produzido na Universidade de São Paulo através da Internet. Assim como a TV USP, o IPTV também está passando por reformulações. “Já fazemos parte da rede do IPTV, a ideia seria ter uma maior participação.” Para Marília, idealizadora do projeto original em 1997, numa época onde os smartphones ainda eram objeto de ficção científica, a adaptação a novas plataformas se faz essencial. “Estrategicamente faz todo o sentido. Porque o Canal Universitário está praticamente inviável no modelo que foi criado em 97 e a infraestrutura da TV está lá pra ser aproveitada.”

Ainda no âmbito digital, existe um possível novo projeto em desenvolvimento e avaliação que engloba divulgação científica e plataformas digitais com a criação de um novo portal.

Acervo

Um dos pilares do projeto original da TV USP era a ideia de guardar todo o acervo produzido ao longo dos anos. Além de essencial para manter a memória institucional, seria uma oportunidade única para profissionais e alunos do curso de Biblioteconomia colocarem em prática atividades que associassem o seu trabalho com o universo uspiano.

Atualmente o acervo da TV USP de 18 anos de atividades e produções ainda não foi completamente digitalizado e disponibilizado online, apesar de existir uma solicitação antiga da TV USP sobre isso. Boa parte do de tudo o que já foi produzido pelo veículo pode ser encontrada no site do IPTV USP ou da TV USP Online ou do Canal Universitário de São Paulo.

Por Mirella Kamimura