Como a USP lida com urgências médicas

Infraestrutura para emergências no campus conta com Samu e equipamentos nas unidades
Superintendente do HU e a equipe do Samu que opera no campus
Superintendente do HU e a equipe do Samu que opera no campus (Foto: Ernani Coimbra)

Na noite de 1º de setembro, o estudante Alexandre Cardoso foi baleado em frente ao prédio da Letras. A reportagem online do Jornal do Campus, publicada no dia seguinte, ouviu testemunhas sobre o momento do socorro: o estudante teria sido removido pela Guarda Universitária em cima de uma placa de sinalização da Lanchonete da Letras, já que não havia pranchas de resgate no prédio.

Essa informação foi confirmada por Sergio Adorno, diretor da FFLCH, em entrevista concedida ao JC na manhã do dia 2. Segundo ele, no momento estão sendo aguardadas instruções técnicas para instalação das pranchas e treinamento de funcionários. A assessoria da USP, no entanto, alega que foi utilizada uma maca semelhante à do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

O serviço de resgate normalmente é responsabilidade do Samu, que foi acionado pela Guarda Universitária (GU) no dia do ocorrido e que possui uma base operacional na Rua do Matão, próximo ao ponto de ônibus do prédio da Filosofia. “Como o estudante estava sangrando muito, acharam que talvez não desse para esperar, então a própria Guarda Universitária recolheu no carro deles e levou ao HU”, explicou Adorno.

“Os guardas fizeram a escolha certa diante do problema que tinham”, observa Célia Canato, gerente da base do Samu no campus. Segundo ela, a ambulância estava prestes a sair quando o pedido de socorro foi cancelado pela Guarda, que tem capacitação de primeiros socorros e já estava removendo o rapaz. “Vimos os registros, tudo não durou mais de quatro minutos. Não poderíamos ter sido mais rápidos”, disse Célia.

Samu

A base do Samu está em funcionamento desde 8 de junho na Rua do Matão, próximo ao Clube da Universidade, para atender a Cidade Universitária e seu entorno. A construção é um dos pontos do convênio firmado em maio entre a USP e a Secretaria Municipal de Saúde, que ainda prevê cursos de primeiros socorros à GU e participação de estudantes. De acordo com a Prefeitura da USP, os cursos já foram realizados.

O chamado pode ser feito pelo número 192, Central que sonda as emergências e organiza o melhor procedimento, de acordo com as necessidades do caso e a disponibilidade das ambulâncias e dos hospitais.

Na base da USP, há uma equipe fixa de cinco pessoas e uma ambulância de Suporte Avançado de Vida (SAV), que trabalha 24 horas por dia. Além disso, uma segunda ambulância, duas motos e mais três pessoas trabalham alguns dias na base. O SAV faz cerca de 90 atendimentos por mês; em sua maioria, fora da USP. Dentro do campus, Célia conta que há pessoas que procuram o Samu espontaneamente, principalmente do Clube da Universidade.

No entanto, a base não é muito conhecida. Uma divulgação ampla poderia trazer problemas, segundo Célia: “se alguém vier e estivermos fora numa emergência, como fica? Nem sempre a equipe fixa está aqui”. Como a verba e o tamanho da base são reduzidos, não é possível contratar mais funcionários.

O acesso da base dentro do campus também não é ideal. Como as ruas são estreitas e às vezes há grande circulação de pedestres, ciclistas e carros, as ambulâncias demoram de 5 a 10 minutos, no mínimo, para sair da Cidade Universitária.

Nas unidades

A Norma Regulamentadora 7 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) determina que todo estabelecimento deve ter material de Primeiros Socorros e pessoas treinadas para atendimento básico. Das 12 unidades consultadas pelo JC, seis responderam informando sobre a situação: a Poli, a FEA, a ECA e a Escola de Enfermagem (EE) possuem pranchas, cadeiras de rodas, kit de primeiros socorros e uma equipe que pode atuar no socorro; já a FFLCH possui apenas uma maleta de primeiros socorros; a EACH conta com posto de Atendimento de Enfermagem, com estrutura e pessoal para atendimento. Ainda assim, os casos não podem ser medicados sem profissionais de saúde e devem ser encaminhados ao Hospital Universitário. O serviço de resgate deve ser feito pelo Samu.

Além disso, em cada unidade deve existir a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), formada por funcionários das respectivas unidades, que atua mapeando riscos à segurança do trabalho. A CIPA trabalha em conjunto com o Serviço Especializado em Engenharia e em Medicina do Trabalho (SESMT), equipe de especialistas de saúde e segurança do trabalho que age sobre a USP.

Por Barbara Monfrinato