EEFE auxilia vítimas de Parkinson e AVC

Curso oferece ajuda à reabilitação de adultos e idosos com comprometimento neurológico
Foto: Thiago Castro
Foto: Thiago Castro

Segundo dados da Organi­zação Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1% da população mun­dial acima de 65 anos é afetada pela Doença de Parkinson. Já as doenças cerebrovasculares, que incluem o Acidente Vascular Ce­rebral (AVC), são as principais causas de morte no Brasil, segun­do o Ministério da Saúde. Para ajudar na recuperação desse gru­po, foi criado, em 2014, na Esco­la de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP o Curso Comunitá­rio Educação Física para Adultos com Comprometimento Neuro­lógico: reabilitação, visando à melhora da qualidade de vida e da saúde dos participantes.

O grupo de apoio para pes­soas que sofreram de AVC nas­ceu no começo do ano passado, coordenado pela professora Dra Camila Torriani Pasin. As aulas ocorrem duas vezes por semana, durando uma hora cada. Atual­mente, possui 16 alunos matri­culados, e a equipe é composta por profissionais de Educação Física, fisioterapeutas e alunos de graduação e pós graduação da própria EEFE.

“O propósito não é que a pes­soa termine a reabilitação em outras instituições e depois ve­nha parta cá”, comenta Tatiana, fisioterapeuta e uma das moni­toras do grupo. “O intuito é que seja uma opção mais precoce e concomitante com a reabilitação tradicional, ajudando no condi­cionamento físico, força, sociali­zação e aspectos cognitivos”.

Já em abril de 2015, foi cria­do o grupo para pessoas com Pa­rkinson, através de uma parceria de pesquisa entre a EEFE e a Fa­culdade de Medicina da USP por intermédio da Professora Dr Ca­mila Torriani Pasin e do Profes­sor Dr José Eduardo Pompeu. As atividades são baseadas em dire­trizes internacionais, e objetiva­-se a melhora da força muscular, condicionamento físico, equili­bro e controle postural.

Toda a parte física está inse­rida no contexto de vida dos pa­cientes, com atividades que eles fazem no dia a dia. As pessoas com Parkinson perdem a memó­ria implícita com o avanço doen­ça, esquecendo como se levanta da cama, por exemplo. “Não é que eles não sabem fazer, eles não conseguem acessar as eta­pas e como se executa, perdendo essa capacidade. Então a gente leva esse treino funcional para nossas aulas”, comenta Tatiana.

As causas da doença de Pa­rkinson ainda são desconheci­das. O primeiro tratamento para a doença é o farmacológico, no entanto, em longo prazo, ele per­de a sua efetividade, produzindo efeitos negativos. Há também o tratamento cirúrgico, mas ele apresenta efeitos adversos em curto prazo, é caro e invasivo. Segundo Carla da Silva Batista, doutoranda na EFEE , o exercício físico aliado ao tratamento mé­dico tem sido uma das interven­ções mais recomendadas. “Com este tipo de intervenção, pou­quíssimos pesquisadores têm ob­servado efeitos contrários, e tem­-se notado melhora na qualidade de vida dos pacientes”.

João de Deus é aluno desde o ano passado, e relata uma melho­ra em seu quadro clínico “Antes de iniciar as aulas, eu não saía do chão. Era como se a lei da gra­vidade fosse maior em mim do que em outras pessoas”. Segundo o paciente, as aulas ajudam a ti­rar as dores e a destravar o cor­po e as articulações. Cleudenir, também aluno, descreve uma melhora na saúde, tornando-se mais desperto e mais animado.

Não só o quadro clínico foi beneficiado com o curso. As mo­nitoras aplicaram o PDQ (Ques­tionário da Doença de Parkin­son, em inglês), no qual se avalia a qualidade de vida dos pacien­tes. Como resultado, percebeu­-se que eles tiveram uma grande melhora, inclusive na socializa­ção. Alguns tinham quadros de­pressivos, ficando isolados. Com o curso, os participantes se sen­tem mais dispostos a saírem de casa, inclusive fazendo amigos no próprio grupo. Os familia­res relatam que eles se sentem contentes e dispostos para par­ticipar das aulas, tornando-se menos apáticos e tristes. Com os resultados positivos, a turma de AVC já está na capacidade máxi­ma de 16 alunos, e ao longo do ano, apenas duas pessoas desisti­ram do programa.

As aulas ocorrem as quar­tas e sextas, das 9h às 10h para pacientes com a Doença de Pa­rkinson, e das 10h30 às 11h30, para alunos que sofreram um AVC. Para se inscrever no cur­so, todos os interessados devem ser maior de 18 anos, e devem agendar triagem pelo telefone (011) 3091-3182. .O exame médi­co poderá ser agendado na pró­pria EEFE, mediante pagamento de uma taxa de R$ 15,00. Testes ergométricos podem ser neces­sários e também são agendados na própria unidade. O valor do semestre letivo para 2015 é R$ 105,00 à vista ou 2 x R$ 55,00 ou 4 x R$ 28,00.

Arte: Leandro Bernardo
Arte: Leandro Bernardo

Por Thiago Castro