Residentes da FMUSP reivindicam direitos

Estudantes da Medicina param em apoio ao movimento nacional de valorização da residência

No dia 24 de setembro, médicos residentes de todo o país paralisaram os trabalhos devido ao ‘Movimento pela Valorização da Residência Médica’. Em São Paulo, residentes da Faculdade de Medicina da USP se articularam com outros profissionais da categoria para participar do ato realizado na Avenida Paulista. Segundo a Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), responsável por liderar o movimento, 2 mil profissionais aderiram. Em apoio à mobilização, os estudantes da graduação da FMUSP cancelaram as atividades no dia.

Entre as reivindicações, estão a fiscalização imediata de todos os programas de residência do país antes da abertura de novas vagas; suspensão dos cortes orçamentários em serviços em que atuam médicos residentes, como hospitais e unidades básicas de saúde; valorização e plano de carreira para médicos preceptores, que supervisionam o trabalho dos residentes; fim do tempo mínimo de contribuição de 10 meses para usufruir do INSS; garantia de auxílio moradia; isonomia da bolsa de residência médica em relação aos auxílios oferecidos por outros programas de ensino médico do Governo Federal.

Lucas Hortêncio, presidente da Associação dos Médicos Residentes da Faculdade de Medicina da USP (Amerusp), afirma que a residência médica na Universidade ainda dispõe de qualidade, principalmente se comparada à situação de outras partes do país. No entanto, existem problemas a serem contornados. “Se considerarmos que o limite de 60 horas semanais [de serviço] é respeitado, o médico residente recebe cerca de 10 reais por hora. A realidade é que boa parte dos profissionais tem outros empregos para complementar sua renda”, diz Hortêncio. A Comissão de Residência Médica da Faculdade Medicina (Coreme) informou que a bolsa para os residentes é de R$ 2976,26.

Embora determinado legalmente o limite de 60 horas semanais de trabalho para os residentes, e de 24 horas para os plantões, Hortêncio relata a existência de denúncias de não cumprimento de tais resoluções. “A Amerusp iniciará um levantamento para identificar casos de violação e garantir o direito dos médicos residentes”, garante. No que se refere ao fornecimento de auxílio moradia, uma das pautas do movimento nacional, a USP oferece um número limitado de vagas.

No dia 18 de setembro, após reunião com a ANMR, o Ministério da Educação (MEC) ofereceu propostas para três das nove reivindicações, sendo elas referentes ao INSS, ao auxílio moradia e à bolsa de residência. Demandas especificas da FMUSP estão sendo negociadas diretamente com a diretoria da Faculdade e a Superintendência do Hospital das Clínicas, como informou a Amerusp.

 Por Letícia Paiva