A importância das práticas alternativas

Diagnosticada com câncer, autora de livro aliou métodos não convencionais ao seu tratamento
Foto: Vitória Batistoti
Foto: Vitória Batistoti

Além da fosfoetanolamina, outros métodos alternativos para a cura da doença são recorrentes e podem complementar o tratamento, promovendo melhorias na saúde mental e psicológica do paciente, minimizando os impactos dos procedimentos invasivos que fazem parte da trajetória de quem realiza tratamento de câncer. Viviane Ferreira mantém os olhos marejados relembrando a sua. Aos 42 anos, a engenheira química por formação se presta a contar novamente como venceu o câncer de mama, doença que irrompeu três vezes em sua vida: uma na de sua mãe e, por duas, na sua própria.

O câncer de mama é a forma de tumor que mais acomete mulheres no Brasil e no mundo, depois do câncer de pele “tipo não melanoma”, correspondendo por cerca de 25% de casos novos a cada ano. Em Viviane, ele apareceu pela primeira vez em 2008, quando ela realizou o autoexame e notou a existência de um caroço no seio. Simultaneamente, sua mãe se tratava das complicações e sequelas da radioterapia cerebral, procedimento realizado após a descoberta da metástase em seu cérebro. “Fiz o tratamento todo: a mastectomia bilateral, quimioterapia e radioterapia e tomei o tamoxifeno por 4 anos e, então, eu tive o diagnóstico de novo, em 2013”, conta.

Alternativas

O reaparecimento do câncer veio em conjunto ao falecimento de sua mãe, bastante debilitada em decorrência da agressividade de seu tratamento. Sem deixar de lado os métodos convencionais, Viviane decidiu procurar por formas alternativas para o controle da doença. “Durante a quimioterapia do segundo tratamento, eu intensifiquei mais a minha psicoterapia e comecei a fazer alguns tratamentos alternativos em paralelo que me ajudaram a passar pela “quimio” de uma maneira melhor. Tive menos enjoo, fiquei mais estável, menos abatida do que da primeira vez”, relata.

Uma das técnicas utilizadas por Viviane foi a radiestesia, método que estuda a como a sensibilidade das radiações em seres humanos pode afetar integridade dos órgãos, afirmando, por exemplo, que órgãos saudáveis e insalubres apresentam diferentes informações vibracionais. “Aprendi que usar as cores vivas favorece a cura. Usava lenços e a roupas mais coloridas, não usava tons apagados e escuros”.

Em sua batalha, a espiritualidade e fé se tornaram ferramentas importantes. Além disso, entrar em contato com outras histórias de pessoas que passaram pela mesma situação deu força para enfrentar aquele momento mais uma vez. Ela ressalta que “tudo depende muito da nossa crença, daquilo que a gente acredita”.

Após realizar a cirurgia do segundo diagnóstico, Viviane retirou também os ovários como forma de prevenção, e venceu sua segunda luta contra o câncer. Ela atribui sua superação às técnicas tradicionais em conjunto das alternativas, ainda que a maioria destes métodos não possuam comprovação científica. “acho que tudo se complementa [os métodos]”. Contudo, eu não abandonaria o tratamento médico, não teria coragem de fazer só o alternativo”, explica.

Entretanto, a realidade da maioria dos pacientes é que a busca por métodos alternativos acontece quando os tradicionais já parecem não fazer mais efeito, ou efetivamente tem menor eficácia. “Na verdade, a gente precisa procurar o tratamento alternativo antes de chegar nesse estágio”. Viviane defende que o paciente pesquise, pergunte e corra atrás de informações a respeito da cura durante todo o diagnóstico, e não o faça apenas só quando se vir “sem opções”.

Superação

Somado à autoaceitação, o convívio social e relacionamento com outras pessoas foi fundamental durante o tratamento. Familiares e amigos, além de pacientes na mesma situação que puderam compartilhar suas histórias, colaboraram para que a trajetória fosse tranquilizada. Ela acredita tanto na importância disso que se voluntariou no Instituto Oncoguia, portal de informações para pacientes acometidos pela doença.

Enquanto realizava a quimioterapia em seu segundo diagnóstico, Viviane decidiu escrever seus sentimentos, pensamentos e passos de sua trajetória para “colocar traumas e dores no papel, de toda a vida”. Escrevendo sua história e lendo a de outros, ela foi capaz de entender a importância de transformar a raiva que sentia em algo positivo, o que foi possível com a compilação de seus relatos no livro Vivificar – superando o impossível, publicado este ano pela editora AGWM. “Quanto mais raiva eu tinha, mais eu escrevia e mais vontade eu tinha de ajudar outras pessoas. Eu vi o quanto esse livro poderia colaborar com outras pessoas e fui em frente”.

Os convites para palestras e grupos de discussão tornaram-se consequência. Hoje, dedica-se também a levar aos outros o que viu daquilo que, por duas vezes, venceu. “Eu entendi que fazia parte do meu caminho compartilhar essa minha experiência para ajudar outras pessoas e também porque ajudá-las me ajuda também. Entendi isso como um propósito”, completa.

Por Guilherme Eler e Vitória Batistoti