Como dar ao JC o olhar de sua geração? Como usar melhor internet e redes sociais?

O título em braille para a principal reportagem do Jornal do Campus, sobre os desafios da USP na inclusão de alunos com deficiência física, foi uma ousadia bem-vinda para um jornal que hoje precisa se comunicar com leitores superestimulados por diversas fontes de informação. Foi uma das edições mais arejadas que li desde que iniciei minhas críticas.

Havia a bela gravura na Página 2, sobre o filme de Anna Muylaert, a matéria sobre a Virada Científica de página dupla e com sete fotos, imagens estouradas em 4 colunas, etc. Essa geração, que faz o JC e que cresceu se informando via internet, precisa encontrar uma maneira de descrever o mundo com um olhar próprio. O bom texto e a apuração cuidadosa são a base de uma boa edição, mas há espaço para informar com ferramentas gráficas e com enfoques atuais e inovadores. O JC não precisa se parecer com os tabloides de oposição dos anos 70, com seu estilo vintage – para não dizer anacrônico.

Como atualizar a linguagem e o visual do jornal, portanto, sem perder a identidade, respeitando o esforço e a visão das gerações passadas? Não tenho resposta, mas um jornal laboratório pede aos alunos ousadia na tentativa de encontrar o caminho. Nesse processo, inclusive, os erros são bem vindos.

Esses são dilemas que passam pela cabeça da redação do JC, como pude constatar no encontro que tive com eles na semana passada. Algumas questões, que surgiram no bate-papo, são cruciais. Listo algumas delas: 1) Como aproveitar melhor a internet e as redes sociais e como usá-las de forma a complementar o impresso? 2) A notícia em redes sociais hoje pode repercutir muito mais do que em um jornal; qual o papel do impresso na estratégia de comunicação do JC?; 3) Como aumentar o diálogo com a comunidade? 4) Publicar vídeos feitos por alunos e ampliar o diálogo com a comunidade são desafios; 5) Como fazer com que o JC aumente sua relevância e se torne referência para os atores da Universidade?

A internet hoje oferece oportunidades para que o JC, jornal laboratório dos estudantes de Jornalismo da ECA-USP, se torne a principal referência de informação na universidade.

Bruno Paes Manso é jornalista, economista e doutor em Ciências Políticas pela USP. Trabalhou como repórter por dez anos no jornal O Estado de S. Paulo e já recebeu o Prêmio Vladimir Herzog. Hoje atua na Ponte Jornalismo, cobrindo temas de segurança pública, direitos humanos e justiça, além de fazer pós-doutorado no Núcleo de Estudos da Violência da USP.